Augusto Santos Silva, ex-presidente da Assembleia, denuncia a Aliança Democrática pela abordagem à imigração, acusando-a de apelar ao voto da extrema-direita.
O ex-presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, manifestou a sua indignação em relação à Aliança Democrática (AD), acusando-a de manipular a questão da imigração para fins eleitorais. Esta acusação surge após o Governo ter anunciado a notificação de mais de quatro mil cidadãos estrangeiros em situação irregular para que abandonem o país de forma voluntária.
Ao partilhar a sua opinião na rede social Facebook, Santos Silva afirmou: "Existem muitos motivos para não escolher a AD. Contudo, a sua instrumentalização da imigração é, por si só, suficiente para justificar este descontentamento." Segundo o socialista, a lei já prevê as condições para a regularização dos cidadãos que residem ilegalmente em Portugal, assim como as consequências da falta dessa regularização.
O ex-presidente sublinhou ainda que muitos destes indivíduos que se encontram em situação irregular são, na verdade, vítimas da lentidão burocrática das autoridades portuguesas que tratam dos documentos necessários. Para ele, a 'ilegalidade' resulta muitas vezes dos problemas internos da administração pública.
Além disso, Santos Silva criticou a remoção do mecanismo de regularização destinado a trabalhadores (denominado de manifestação de interesse), que não foi substituído por qualquer alternativa, perpetuando assim a situação de muitas pessoas que desejam regularizar a sua situação.
O socialista considera que a retórica utilizada pela AD, que se promove ao afirmar que expelirá milhares de imigrantes durante a campanha, é um apelo populista que visa atrair o voto da extrema-direita, sacrificando princípios humanistas em nome da política.
"Essa postura revela a falta de princípios e a disposição para sacrificar valores por ganhos eleitorais, o que é, sem dúvida, uma razão válida para não apoiar a AD," concluiu Santos Silva.
Na mesma linha, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, anunciou no sábado a emissão de 4.574 notificações de saída para cidadãos em situação irregular, como parte de um total de 18 mil indeferimentos já decididos, destacando que este é apenas o início de um processo que inclui outros 110 mil casos a serem avaliados.