PCP exige esclarecimentos ao Governo sobre cancelamentos de compras de uvas no Douro

O Partido Comunista Português (PCP) dirigiu hoje uma série de questões ao ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, em resposta ao cancelamento de encomendas de uvas a viticultores na Região Demarcada do Douro. Os deputados Paula Santos e Alfredo Maia consideram "incompreensível a inação" do Governo perante este problema.

Segundo os deputados, em abril, pelo menos cinco exportadoras notificaram mais de 150 viticultores, informando que não iriam adquirir as uvas como é habitual na próxima vindima. Este anúncio precoce, ainda na fase inicial do abrolhamento da vinha, está a gerar um clima de incerteza no sector.

O PCP alertou que este cancelamento ilimitado de contratos poderá criar um ambiente depressivo que afetará os preços e as condições de venda para a próxima colheita. "A inquietação e a preocupação na região agravam-se, somando-se a outros desafios da vindima 2023/2024, como escoamento e preços inadequados, resultando numa dura perda de rendimento para milhares de pequenos viticultores", sublinham.

Perante tal cenário, o PCP voltou a enfatizar a "total incompreensão" quanto à atitude passiva do Ministério da Agricultura, defendendo que não basta promover as qualidades dos vinhos da Região Demarcada sem olhar para as dificuldades que enfrentam os seus produtores.

Os parlamentares questionam ainda o ministro sobre a sua avaliação da situação e quais são as estratégias a serem implementadas para lidar com estas práticas que inquietam tanto os viticultores como toda a região. O temor e a indignação são palpáveis, com alguns viticultores a ponderar até um boicote às próximas eleições legislativas, agendadas para 18 de maio.

Marinete Alves, membro do Conselho Regional da Casa do Douro, afirmou à Lusa que "a catástrofe se aproxima", referindo que o cenário, já alarmante, se assemelha ao que se vivenciou no ano passado, quando as casas compradoras também recusaram adquirir as uvas à beira da vindima.

Com base na petição "Salvem os viticultores do Douro", que já conta com 2.600 assinaturas, Marinete destacou a gravidade da situação, pois os viticultores podem ficar sem mercado para as suas uvas, quer para vinho do Porto, quer para vinho do Douro. Os produtores alegam que não estão a comprar devido a excesso de 'stock', conforme revelam as cartas enviadas.