Netanyahu contesta acusações de alteração de depoimento pelo chefe do Shin Bet

Tel Aviv, Israel – Em declaração oficial, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu negou ter pedido ao chefe do Shin Bet, Ronen Bar, que alterasse ou suspendesse o seu depoimento no Supremo Tribunal, qualificando tal alegação como “uma completa mentira”.

Netanyahu destacou que nunca solicitou qualquer providência que impedisse a sua participação nas audiências, nem tampouco que envolvesse a utilização dos serviços de segurança para modificar o seu cronograma, mesmo que as suas idas ao tribunal tivessem começado a ocorrer em dezembro de 2024. Em resposta a uma das acusações de Bar, o primeiro-ministro partilhou transcrições de conversas mantidas, onde teria mencionado a necessidade de encontrar alternativas que garantissem a sua segurança, especialmente após um ataque com drone, atribuído ao grupo xiita Hezbollah, ter danificado a fachada da sua residência.

Durante uma reunião em novembro, conforme a transcrição oficial, Netanyahu teria sugerido: “Na minha opinião há soluções, até mesmo soluções relativamente simples, mas tens de me dar essas soluções para que eu possa, por um lado, testemunhar e, por outro, não morrer”. Estas declarações contrastam com as afirmações de Bar, que acusa o primeiro-ministro de o ter pressionado para suspender as suas aparições semanais no julgamento que o indicia por corrupção.

Adicionalmente, Netanyahu refuta outras acusações, como a de ter solicitado a utilização do Shin Bet para agir contra manifestantes durante os protestos anti-Governo. Em nota, o líder israelita criticou a atuação de Bar na prevenção dos ataques do Hamas a Israel, ocorridos a 7 de outubro de 2023, que resultaram na morte de cerca de 1.200 pessoas e na captura de 251 indivíduos.

O episódio insere-se num contexto político delicado, que envolve o caso “Qatargate”. A oposição acusa o Governo de Israel de ter agido motivado, em parte, pela intenção de Netanyahu de afastar o chefe do Shin Bet, responsável por investigar alegados pagamentos do Qatar a conselheiros do primeiro-ministro – caso que já deixou dois dos seus familiares sob investigação por suspeitas de suborno.

Em 4 de abril, a procuradora-geral de Israel concluiu que a demissão de Bar carecia de imparcialidade, evidenciando um conflito de interesses ligado à figura de Netanyahu. Estas controvérsias intensificam o debate sobre a condução dos serviços de segurança interna e o impacto das investigações em curso no cenário político israelita.