Desmentidos e Exageros nos Primeiros 100 Dias de Governo

Uma trajetória marcada por falsidades

Desde o início do seu segundo mandato, Donald Trump tem sido acusado de disseminar declarações imprecisas. Segundo a ONG Repórteres sem Fronteiras, durante o primeiro mandato foram registadas mais de 30.000 declarações falsas ou enganosas, incluindo a negação dos resultados eleitorais de 2020. Estes episódios voltam agora a emergir nos primeiros 100 dias do novo governo.

Comentários sobre a guerra na Ucrânia

Desde a posse, em 20 de janeiro, Trump tem afirmado, de forma inconsistente com os factos, que a Ucrânia “nunca devia ter começado” o conflito, ignorando o contexto da invasão russa em 2022. Também classificou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de “ditador” e criticou a sua gestão eleitoral num contexto de lei marcial. O ex-presidente até afirmou falsamente que Zelensky contava apenas com 4% de aprovação, contrariado por pesquisas que indicam uma confiança de 57% na Tua nação.

Questionamentos sobre a ajuda externa e acusações infundadas

Numa das primeiras declarações, Trump afirmou ter impedido a destinação de 50 milhões de dólares para a compra de preservativos destinados ao Hamas, alegação rapidamente refutada pelos meios de comunicação. Acusações semelhantes foram feitas sobre a USAID, na tentativa de justificar cortes drásticos na ajuda externa, embora sem qualquer evidência que sustentasse que “milhares de milhões” de dólares tenham sido desviados para favorecer narrativas pró-democratas.

A narrativa de uma herança económica catastrófica

No seu discurso perante o Congresso, o presidente declarou ter recebido um “pesadelo inflacionista” do governo anterior. No entanto, embora a inflação tenha atingido um pico em 2022, a economia apresentou sinais de recuperação com crescimento do PIB, redução da taxa de desemprego e inflação controlada. De forma contraditória, Trump afirmou recentemente que os preços dos alimentos estavam em queda, apesar de factos indicarem o contrário.

Comentários sobre tarifas e comércio com a China

Trump voltou a repetir a alegação de que, antes do seu primeiro mandato, a China nunca teria suportado tarifas de 10 cêntimos. Contudo, apesar de os importadores americanos pagarem estas taxas, os EUA têm imposto tarifas sobre produtos chineses desde 1789, e medidas adicionais já foram implementadas por administrações anteriores, nomeadamente durante o governo de Barack Obama.