O primeiro-ministro respondeu às críticas da oposição sobre a gestão da crise energética, sublinhando a importância de evitar alarmismos e destacando a rapidez na recuperação do fornecimento de eletricidade.
Durante um debate realizado entre diversos partidos representados no Parlamento – incluindo AD, PS, Chega, IL, BE, CDU, Livre e PAN – que foi transmitido em simultâneo nas rádios Antena 1, Renascença, TSF e Observador, o presidente do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, justificou as decisões do Governo no contexto do apagão que afetou Portugal em 28 de abril. Montenegro garantiu que a resposta rápida do país para restabelecer o fornecimento de energia foi mais eficaz e autónoma do que a de Espanha, defendendo que "comunicar apenas por comunicar não era a melhor abordagem".
O primeiro-ministro acrescentou que uma comunicação precipitada poderia ter gerado confusão e ansiedade, mencionando que "se tivéssemos comunicado de forma rápida e irresponsável, as expectativas criadas podiam não se concretizar, aumentando assim a intranquilidade".
Quanto ao sistema SIRESP, que o executivo manifestou a intenção de substituir, Montenegro reconheceu as suas fragilidades e afirmou que se encontra em "processo de reestruturação".
A oposição teve um papel ativo nas críticas. O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, iniciou as contestações sobre a gestão do apagão, mencionando que o Governo alimentou notícias falseadas acerca do corte total de eletricidade, e solicitou esclarecimentos sobre eventuais falhas no SIRESP.
Rui Tavares, do Livre, propôs a adoção de um sistema de comunicação de emergência convertido em texto, usado em outros países, como uma forma mais eficaz de atingir a população em crises. Por outro lado, Rui Rocha, da IL, criticou o ministro Manuel Castro Almeida por levantar a possibilidade de um ataque cibernético sem fundamentos sólidos, e destacou as vulnerabilidades nas infraestruturas essenciais do país.
André Ventura, líder do Chega, refutou a ideia de que a gestão portuguesa tenha superado a de Espanha, e criticou as políticas energéticas dos governos sucessivos, além da administração do SIRESP. Ele questionou diretamente Montenegro sobre a possível suspensão do envio de SMS à população, ao que o primeiro-ministro afirmou que as mensagens foram enviadas na hora prevista.
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, e Mariana Mortágua, do BE, chamaram a atenção para a fragilidade da soberania nacional evidenciada pelo apagão, promovendo o controlo público das infraestruturas críticas e do setor elétrico, bem como as dependências em relação a operadores estrangeiros.
No que respeita à resposta do Governo, Inês de Sousa Real, do PAN, criticou a falta de um plano de prevenção adequado, afirmando que o executivo apresenta uma comunicação tão deficiente quanto a resposta às crises climáticas.
No fecho do debate, apenas Montenegro e Ventura se mostraram favoráveis à realização de um referendo sobre a eutanásia, enquanto os restantes partidos se opuseram. Além disso, foi amplamente rejeitada a criação de um novo imposto europeu para financiar a Defesa. A maioria dos partidos, exceto Chega e IL, defendem uma maior regulamentação nas redes sociais para crianças e jovens.
Por último, Montenegro negou qualquer relação com Marcello Caetano na escolha do nome "São Bento em Família" para as comemorações do 25 de Abril e do 1º de Maio, defendendo que não entende o "preconceito em torno da família".