Política

Luto e Liberdade: Debates Intensos Sobre as Celebrações do 25 de Abril

há 5 dias

O Governo decretou três dias de luto nacional pelo Papa Francisco e impôs reserva nas festividades do 25 de Abril, decisão que desencadeou fortes críticas da oposição e reavivou o debate sobre liberdade e democracia.

Luto e Liberdade: Debates Intensos Sobre as Celebrações do 25 de Abril

O Governo determinou três dias de luto nacional após o falecimento do Papa Francisco e, numa decisão oficializada em Conselho de Ministros, definiu que a “agenda festiva” do 25 de Abril ficará em reserva durante este período de consternação. O anúncio, feito pelo Ministro da Presidência, António Leitão Amaro, referiu que as celebrações serão ajustadas para refletir o momento de homenagem e respeito.

Segundo Leitão Amaro, a medida implica que o Governo não se envolverá em eventos comemorativos relacionados com o Dia da Liberdade, por considerar que o luto pelo Papa impõe uma serenidade que não condiz com as festividades. No entanto, o porta-voz do Executivo destacou que não se recomendou o cancelamento das sessões evocativas, assegurando que, por exemplo, a sessão solene na Assembleia da República — instituição autónoma — seguirá ocorrendo.

A decisão rapidamente foi alvo de críticas por parte da oposição. O líder da oposição, Pedro Nuno Santos, acusou o Governo de cometer um “erro grosseiro” ao desvalorizar uma data histórica para os portugueses. Para ele, celebrar o 25 de Abril não significa desrespeitar a memória do Papa, que sempre defendeu a liberdade e a igualdade, e incentivou o povo a participar em massa nas comemorações. Do mesmo modo, Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, e Rui Tavares, do Livre, manifestaram o seu descontentamento, afirmando que adiar as celebrações é um gesto que fere os princípios democráticos e a memória dos que lutaram pela liberdade.

A polémica não ficou por aqui. O Partido Comunista Português sublinhou que homenagear o Papa não passa por cancelar os eventos, mas sim por reafirmar os valores da paz e justiça, pilares tanto do legado papal quanto da Revolução dos Cravos. Vasco Lourenço, presidente da Associação 25 de Abril, criticou a decisão, argumentando que deixar de celebrar a liberdade, essência da Revolução, ofende a memória do Papa, que também era um “homem de Abril”.

Enquanto o debate político se intensifica, o Governo mantém que a medida visa apenas preservar a dignidade do período de luto, sem comprometer a celebração das conquistas democráticas que o 25 de Abril representa. Resta aguardar como a sociedade portuguesa irá reagir a esta divisão entre o luto e as celebrações da liberdade.

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