O BE exige uma reunião extraordinária na Câmara de Lisboa para esclarecer falhas graves na gestão do apagão que deixou em causa a coordenação dos serviços de emergência.
Lisboa sob escrutínio – O Bloco de Esquerda (BE) apelou à convocação urgente de uma reunião extraordinária da Câmara Municipal de Lisboa, com a presença dos serviços da Proteção Civil e da Polícia Municipal, pretendendo analisar os vários problemas que marcaram a resposta à crise do apagão.
Num documento dirigido ao presidente da Câmara, Carlos Moedas, a vereadora Beatriz Gomes Dias criticou duramente a gestão política e operacional durante o incidente, que afetou Portugal continental – bem como a Espanha – a partir das 11:30, nesta segunda-feira. Entre os pontos levantados, referiu-se à ineficácia na circulação de veículos de emergência e transportes públicos essenciais, nomeadamente com as faixas BUS bloqueadas e sem intervenção para restabelecer o trânsito prioritário.
Adicionalmente, o BE assinalou que a gestão do trânsito se viu prejudicada pela falta de coordenação da Polícia Municipal e que a comunicação com as escolas e com as 24 juntas de freguesia foi insuficiente, contribuindo para um cenário de confusão generalizada. Ressalta-se ainda a “notória falta de informação à população” durante toda a crise, o que, segundo o partido, denota uma resposta municipal inadequada sob a liderança do presidente Carlos Moedas.
No requerimento, Beatriz Gomes Dias questiona as avaliações efetuadas pela Câmara sobre o impacto do apagão nos transportes, comunicações e segurança, bem como as medidas de contingência que foram implementadas para proteger a população, especialmente nos setores críticos. A vereadora reforçou a necessidade de discutir, num encontro extraordinário, se existe ou se está em planeamento um novo protocolo de emergência que contemple a coordenação com as freguesias.
Apesar das críticas, o BE não deixou de reconhecer o empenho dos trabalhadores municipais, dos bombeiros e dos restantes intervenientes, que enfrentaram condições excecionalmente difíceis com profissionalismo e senso de missão.
Em declaração, o presidente da Câmara explicou que foram mobilizados cerca de 300 operacionais de diversas entidades, tendo sido resolvidas quase 200 ocorrências – como casos de pessoas retidas em elevadores – sem registo de vítimas. Carlos Moedas reconheceu ainda algumas falhas no Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal, atribuindo-as a problemas no SIRESP, embora ressaltasse que os bombeiros mantiveram uma comunicação contínua através do sistema de ondas altas (UHF).
O apagão provocou ainda o fecho de aeroportos, congestionamentos nos transportes e uma escassez temporária de combustíveis. A normalização do fornecimento elétrico foi gradualmente assegurada desde o final da tarde, com a E-Redes a confirmar que o serviço encontra-se atualmente restabelecido.