Críticas de Ventura à Oposição de Montenegro sobre Transparência

André Ventura, presidente do Chega, teceu duras críticas ao primeiro-ministro por ter solicitado a oposição à consulta pública da sua declaração de rendimentos, afirmando que tal atitude "irá ter consequências no futuro". Durante uma visita ao Cacém, no concelho de Sintra, onde acompanhou uma candidata do seu partido, Ventura afirmou: "O primeiro-ministro não pode achar que está acima do escrutínio. Se não houver uma razão legítima de sigilo, não percebo o que justifica esta decisão."

O líder do Chega destacou que a posição do Tribunal Constitucional pode criar jurisprudência e influenciar a forma como questões de transparência são tratadas no futuro. Ele criticou a incoerência de um líder que se apresenta como defensor da transparência: "Um primeiro-ministro que se diz o mais transparente da história a negar o acesso à sua própria declaração de rendimentos é um péssimo sinal e um mau exemplo a seguir."

Ventura sublinhou que, apesar de não se exigir uma exposição total da vida privada dos políticos, a transparência em questões de património e potenciais conflitos de interesse é crucial no desempenho das suas funções. "Quando exigimos transparência, deve ser válida para todos. Não é aceitável que o chefe do Governo exija que outros deputados sejam transparentes enquanto impede que isso ocorra consigo mesmo", acrescentou.

O líder do Chega esperou que Luís Montenegro clarifique quais os elementos que estão realmente sob sigilo na sua declaração e explique os motivos por detrás da sua resistência em torná-la pública. "O primeiro-ministro realmente opôs-se e não pode negar isso", disse Ventura.

Na terça-feira, a Entidade para a Transparência confirmou que Montenegro solicitou a oposição à consulta pública das suas declarações de rendimentos, cuja divulgação está suspensa até ao veredito do Tribunal Constitucional. O gabinete do primeiro-ministro especificou que esta oposição abrange apenas "alguns elementos" do respetivo recurso.

Ao final do dia, também foi revelado que uma das razões para a oposição do primeiro-ministro se relaciona com a lista de clientes e serviços prestados pela Spinumviva, conforme confirmado pela Entidade para a Transparência.