O alto representante da Bósnia, Christian Schmidt, denunciou ações das autoridades sérvias que colocam em risco o Acordo de Paz de Dayton e aumentam tensões na região dos Balcãs.
O alto representante para a Bósnia-Herzegovina, Christian Schmidt, expressou sérias preocupações em relação às recentes medidas tomadas pelas autoridades da República Sérvia (RS), as quais, segundo ele, constituem uma violação flagrante do Acordo de Paz de Dayton, assinado em 1995. O relatório, divulgado hoje pelo portal bósnio Klix, foi dirigido ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e será discutido pelo Conselho de Segurança da ONU na próxima semana.
Schmidt destacou que as novas legislações adotadas pela RS podem ser vistas como um passo em direção à secessão de facto, ameaçando a segurança não apenas da Bósnia-Herzegovina, mas também de toda a região dos Balcãs. O diplomata sublinhou que as ações do presidente da RS, Milorad Dodik, reconhecido por suas posições ultranacionalistas e pró-Rússia, representam um ataque sem precedentes à ordem constitucional do país.
"Essas ações são um sério desafio à sustentabilidade do acordo de paz e comprometem a estabilidade do país e da região, ameaçando todos os processos e reformas relevantes", afirmou Schmidt.
Adicionalmente, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) expressou a sua preocupação com a retórica islamofóbica utilizada por Dodik, que ataca a comunidade muçulmana bósnia. A missão da OSCE alertou que o uso de uma linguagem que desumaniza os outros contribui para um ambiente de divisão e violência social.
Em declarações recentes ao semanário austríaco Profil, Dodik provocou controversa ao afirmar que "não há diferença entre o Hamas e os muçulmanos bósnios", classificando-os como "ex-cristãos que abandonaram a sua fé" e insinuando que estariam a buscar a guerra através da vinda de 'jihadistas' e da imposição da lei da Sharia.