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Universidades europeias falham na acessibilidade digital para estudantes com deficiência

Estudo revela que a maioria das universidades europeias não assegura acessibilidade, com particular atenção às falhas nas instituições do sul e do leste da Europa.

01/07/2025 17:15
Universidades europeias falham na acessibilidade digital para estudantes com deficiência

A acessibilidade digital continua a ser um desafio para estudantes com deficiência na maior parte das universidades europeias, conforme evidenciado por uma pesquisa internacional. A análise, que envolveu 171 universidades em 38 países europeus, foi coordenada por Carlos Duarte, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em colaboração com instituições de Portugal, Polónia e Irlanda.

De acordo com Duarte, “cerca de 95% das universidades não cumprem” a nova Lei Europeia da Acessibilidade, que entrou em vigor no passado fim de semana. O estudo revelou que as falhas são mais notórias nas universidades do sul e do leste da Europa. Contudo, Portugal destacou-se positivamente, apresentando resultados acima da média.

Os dados mostram que as universidades do sul da Europa obtiveram uma média de 84,1 pontos. Dentre as seis universidades portuguesas analisadas, cinco superaram essa média. A Universidade do Porto e o ISCTE, ambas com 96 pontos, foram as mais bem classificadas. As universidades de Lisboa, Coimbra e Nova também se destacaram, ao passo que a Universidade Católica ficou abaixo da média, com 77 pontos.

A média geral das universidades europeias foi de 87,36 pontos, com universidades do norte a alcançarem uma média de 95,9 e as do leste apenas 83,1, devido à escassez de conteúdos acessíveis e ao apoio institucional limitado.

Entre as falhas mais recorrentes identificadas estão o baixo contraste de cores, que dificulta a leitura por pessoas com deficiência visual, e a rotulagem ambígua dos conteúdos, que confunde estudantes com limitações cognitivas. A estrutura de navegação pouco clara em vários sites também foi um obstáculo significativo.

A nova Lei Europeia da Acessibilidade representa uma pressão acrescida para as instituições, que agora devem garantir que todos os serviços e produtos digitais, incluindo plataformas de e-learning, respeitem as normas de acessibilidade. As consequências para universidades que não se adaptarem incluem sanções legais, perda de financiamento e danos à reputação.

Carlos Duarte enfatiza que os países do norte possuem penalizações mais severas em comparação aos do sul, mas que, em ambas as situações, a iniciativa para denúncias cabe ao “utilizador final”. “Esta investigação serve como um alerta. As universidades precisam agir imediatamente para promover equidade e inclusão, cumprindo a legislação vigente. Urge uma resposta coordenada com mais financiamento e formação técnica para assegurar que todos os estudantes tenham acesso ao ensino superior,” finaliza o investigador.

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