Sophia Brilha: "Grand Tour" Entra em Destaque e "O Pior Homem de Londres" Rouba a Cena

Em grande estilo, o Casino Estoril foi o palco onde a cerimónia dos Prémios Sophia celebrou os melhores feitos do cinema português. A produtora Filipa Reis recolheu os três prémios de "Grand Tour" – Melhor Filme, Realização e Montagem – em ausência do realizador Miguel Gomes, atualmente no Brasil a desenvolver novo projeto.

Durante os discursos, Miguel Gomes defendeu o valor do cinema nacional, enquanto Filipa Reis sublinhou a necessidade de reforçar os apoios financeiros ao setor. Entre os seus apelos, destacou a importância de se evitar que os atrasos do ICA prejudiquem os próximos anos e pediu à RTP que continue a apostar no cinema português. "Um pedido ao próximo governo para que não se esqueça do Fundo de Turismo, para que os estrangeiros desfrutem das nossas paisagens e para que os nossos filmes conquistem o mundo", declarou.

"Grand Tour", que já lhe rendeu um reconhecimento em Cannes 2024, centra-se numa viagem pelo Oriente inspirada num périplo feito pelo próprio realizador e pelos argumentistas, entrelaçando a narrativa com personagens retiradas de um livro de Somerset Maugham. Gonçalo Waddington encarna Edward, funcionário público britânico em 1918, que abandona a sua noiva Molly (Crista Alfaiate) para iniciar uma jornada solitária pela Ásia, sendo a própria Molly a seguir o rasto deste em fuga.

Outros sucessos na edição incluem "O Pior Homem de Londres", de Rodrigo Areias, que triunfou com quatro prémios: Melhor Guarda-Roupa (Susana Abreu), Direção de Arte (Ricardo Preto), Maquilhagem e Cabelos (Bárbara Brandão e Natália Bogalho) e Melhor Ator Principal (Albano Jerónimo). Na linha dos prémios individuais, Rita Cabaço recebeu o Sophia de Melhor Atriz Principal por "O Vento Assobiando nas Gruas", enquanto Teresa Madruga e João Arrais foram reconhecidos nas categorias de representação secundária por "O Teu Rosto Será o Último" e "Revolução (sem) Sangue".

A cerimónia premiou também o curta "Percebes", de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves, como Melhor Curta-Metragem de Animação, e "Verdade ou Consequência", de Sofia Marques, obreiro documental dedicado ao encenador e ator Luís Miguel Cintra. Destacou-se ainda a série "Matilha", de Edgar Medina com realização de João Maia e exibida na RTP, eleita a melhor produção televisiva.

O Sophia Estudante recaiu sobre "Rogéria", um curta-metragem documental dirigido por Salvador Gil que ilustra a luta contra a discriminação e a celebração da comunidade cigana, através da história de Rogéria Maia.

Encerrando a noite, o veterano produtor Paulo Branco – que trabalhou com nomes como Manoel de Oliveira, Fernando Lopes, Wim Wenders e David Cronenberg – foi agraciado com o prémio de carreira. "Um prémio carreira é o último prémio que se gosta de receber, porque estamos mais perto do fim do que quando começámos. Vou tentar saber envelhecer", afirmou o produtor de 74 anos, reconhecendo o papel fundamental que diversas personalidades desempenharam na sua trajetória.