Na segunda volta das presidenciais romenas, os eleitores decidirão entre George Simion, eurocético, e Nicusor Dan, defensor da UE, num cenário político tenso e em meio a uma crise económica.
Os romenos estão prestes a entrar numa fase crucial das eleições presidenciais, com a segunda volta marcada para 18 de maio. Nesta etapa, terão de optar entre dois candidatos com visões opostas sobre o futuro do país: George Simion, representante da extrema-direita e líder do partido Aliança para a União dos Romenos (AUR), e Nicusor Dan, autarca de Bucareste e defensor da União Europeia.
No último domingo, Simion destacou-se ao vencer a primeira volta com 40,5% dos votos, consolidando-se como favorito. Aos 38 anos, ele se posiciona como o "herdeiro político" do populista Calin Georgescu, cuja vitória anterior foi anulada devido a suspeitas de interferência russa. Simion classifica esta anulação como um "golpe de Estado" e, se for eleito, planeja nomear Georgescu como primeiro-ministro, mesmo sem ter uma maioria no parlamento.
O seu slogan de campanha, "Respeito", procura apelar ao patriotismo, enquanto o político evita a rotulagem de extrema-direita, preferindo a designação de "soberanista". Simion advoga por uma Roménia maior e tem demonstrado disposição para explorar disputas territoriais com países vizinhos, incluindo a Ucrânia e a Moldova. Apesar de afirmar não ser pró-Rússia, ele critica o apoio militar a Kiev e defende um reforço da NATO sob liderança norte-americana.
Por sua vez, o seu opositor, Nicusor Dan, de 55 anos, apresenta-se como candidato independente com o lema "Roménia Honesta". Defensor da União Europeia, Dan acredita que o apoio à Ucrânia é vital para a segurança romena e é amplamente visto como crítico da Rússia, apesar de alegações de que aceitou financiamento de um empresário pró-Moscovo.
Antigo ativista anti-corrupção, Dan conquistou popularidade entre as classes média e baixa ao criticar os "tubarões" do setor imobiliário. Com uma base de apoio mais urbana e de classes superiores, o autarca de Bucareste está em seu segundo mandato e foi reeleito com o apoio de diversos partidos.
Em meio a um panorama de crise económica, que inclui uma inflação de 5% e um dos maiores défices da União Europeia, estas eleições têm a atenção da comunidade internacional, particularmente da NATO. Como país semipresidencialista, a Roménia vê a possibilidade de um líder eurocético gerar apreensão em Bruxelas, algo que roça a vulnerabilidade do país, que ainda luta contra desigualdades sociais e económicas residuais do antigo regime comunista.
Com o espectro de uma nova crise política à vista, especialmente após a anulação da primeira volta das eleições, a direção da Roménia poderá sofrer mudanças significativas, dependendo da escolha feita pelos eleitores no próximo dia 18.