Cultura

Romance "O Censor Antifascista" desvela os bastidores da censura na ditadura

há 10 horas

Novo romance critica a censura do regime autoritário, revelando os dilemas de um jovem antifascista forçado a integrar a máquina repressiva num país onde a liberdade foi cerceada.

Romance "O Censor Antifascista" desvela os bastidores da censura na ditadura

O romance "O Censor Antifascista" foi agraciado com a 3.ª edição do Prémio Luís Miguel Rocha, concedido pela Câmara e pela Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, em parceria com a Porto Editora. O júri destacou a originalidade e consistência da trama, realçando a importância de revisitar um período marcado pelo autoritarismo e restrição de liberdades.

Em entrevista à agência Lusa, o autor António Breda Carvalho explicou que a iniciativa nasceu da quase ausência de obras literárias que abordassem a censura no contexto da ditadura (1926-1974). O escritor idealizou o romance para retratar não só a censura, mas também os desafios sociais e artísticos daquele período, infundindo na narrativa um sentido crítico acerca da repressão.

O protagonista – sem nome e oriundo de um ambiente rural humilde – nutre o sonho de ascender socialmente em Lisboa, cidade que representa a liberdade e a cultura, longe do confinamento do campo. No entanto, várias vicissitudes o conduzem para um destino paradoxal: acaba por trabalhar como censor, desempenhando uma dupla função numa época em que a censura era um dos instrumentos mais implacáveis do Estado Novo.

Narrado de forma autodiegética, o romance explora tanto os métodos e a psicologia do censor, como a luta interna e as contradições de um jovem antifascista, que se vê obrigado a colaborar com o aparato repressivo por motivos económicos e pela necessidade de manter seu sonho de viver na capital. A reviravolta ocorre com o 25 de Abril, marcando o fim do regime e o resgate da liberdade.

António Breda Carvalho, que já foi premiado por outras obras, reafirma o seu compromisso em criar personagens complexas e cenários que estimulem a reflexão crítica, recordando às novas gerações os anos “fechados e claustrofóbicos” em que Portugal esteve submerso na censura e na opressão. O autor, atualmente professor no ensino secundário e oriundo da Mealhada, vê na literatura uma ferramenta educativa que transcende o mero entretenimento.

Tags:
#Censura #Ditadura #MemóriaHistórica