Murtosa: Defesa de acusado denuncia "tortura" de testemunha; PJ responde com firmeza
A defesa de Fernando Valente, acusado da morte de Mónica Silva, alega que a PJ agrediu uma testemunha. As autoridades rejeitam veementemente as acusações, enquanto uma investigação avança.

A defesa de Fernando Valente, implicado no homicídio de Mónica Silva, uma grávida de 33 anos desaparecida em outubro de 2023, lançou sérias críticas à atuação da Polícia Judiciária (PJ). O advogado do arguido afirmou que inspetores da PJ agrediram uma testemunha, Octávio Oliveira, para forçá-lo a afirmar que realizar uma "limpeza" que nunca ocorreu. Em resposta, a PJ desmentiu as acusações, comprometendo-se a tomar medidas legais apropriadas.
Durante o julgamento, que teve lugar à porta fechada, a testemunha confirmou a realização de uma limpeza no apartamento, mas não mencionou uma "limpeza profunda", como alegou o advogado dos filhos menores de Mónica Silva. O advogado, Falé de Carvalho, solicitou a extração de uma certidão devido a supostas declarações falsas da testemunha.
A PJ, por seu lado, frisou que todas as práticas e procedimentos na recolha de depoimentos estão em conformidade com a lei. Através de declarações à Lusa, a polícia expressou a sua perplexidade com as alegações surgidas após o julgamento, defendendo que os fatos abordados já tinham sido arquivados previamente pelo Ministério Público.
O juiz da Comarca de Aveiro confirmou que uma certidão foi emitida para investigar as alegações de tortura contra a testemunha que teria limpado o apartamento, onde se presume que ocorreu o crime. Essa certidão foi enviada ao Departamento de Investigação e Ação Penal de Aveiro para averiguação.
Vale ainda destacar que o julgamento, conduzido por um tribunal de júri – com três juízes e oito jurados –, está agendado para a leitura do acórdão na próxima terça-feira. Fernando Valente encontra-se em prisão domiciliária desde a sua detenção em novembro de 2023, um mês após o desaparecimento de Mónica Silva, com a acusação de ter assassinado tanto a vítima como o seu feto, em outubro de 2023, para evitar que fosse responsabilizado pela paternidade.
A acusação também alega que, nos dias subsequentes ao crime, o arguido se desfez do corpo de Mónica, ocultando-o e garantindo que este nunca fosse descoberto até ao momento presente.