Início do julgamento histórico da Operação Marquês: um marco na justiça portuguesa
O processo que pela primeira vez coloca um ex-primeiro-ministro em tribunal começa a 3 de julho, sob a presidência da juíza Susana Seca, após uma longa década de investigações e contestações.

Depois de uma longa espera, agendou-se para 3 de julho o início do julgamento da Operação Marquês, um caso sem precedentes em Portugal que marca a presença de um ex-primeiro-ministro no banco dos réus, uma situação inédita no país.
A juíza Susana Seca do Tribunal Central Criminal de Lisboa, assumirá a presidência do coletivo que julgará este complexo processo, cujas origens remontam a 21 de novembro de 2014, quando José Sócrates foi detido no aeroporto de Lisboa ao regressar de Paris, sob a acusação de diversos crimes, incluindo corrupção e branqueamento de capitais.
O longo percurso judicial deste caso, que levou mais de uma década a chegar aos tribunais, levantou críticas sobre a lentidão na administração da justiça, especialmente devido a inúmeros recursos que atrasaram o seu desfecho. Após a primeira fase de instrução, que viu a acusação do Ministério Público, liderada por Rosário Teixeira, quase completamente derrubada pelo juiz Ivo Rosa, a situação reverteu-se quando, em janeiro de 2024, a Relação de Lisboa reabilitou a acusação e deu seguimento à tramitação processual.
Com um total de 22 arguidos e 118 crimes a ser discutidos, as expectativas são elevadas para o que promete ser um julgamento mediático e decisivo na história da justiça em Portugal. A acusação principal inclui 22 crimes atribuídos a Sócrates, entre os quais se destacam 3 de corrupção e 13 de branqueamento de capitais. Depois de muitos percalços e alterações na acusação, o processo segue agora para a fase de julgamento.
O arranque do julgamento poderá não só reviver a polémica em torno do antigo primeiro-ministro como também trazer à luz questões críticas sobre a corrupção e a moralidade na política portuguesa.