Humoristas impedidos de entrar em Moçambique por questões de visto
Três humoristas, incluindo Gilmário Vemba e Hugo Sousa, viram negada a sua entrada em Moçambique por tentarem realizar um espetáculo com visto de turismo, conforme esclareceu o Senami.

O diretor-geral do Serviço Nacional de Migração (Senami) de Moçambique, Zainedine Danane, anunciou a recusa de entrada no país a três humoristas, nomeadamente o angolano Gilmário Vemba, o português Hugo Sousa e o brasileiro Murilo Couto, devido ao facto de terem tentado entrar com visto de turismo. Eles vinham a Moçambique com o objetivo de realizar um espetáculo, o que não se enquadra nas permissões desse tipo de visto, de acordo com a legislação moçambicana.
“Eles vieram ao país, mas não respeitaram os critérios que estabelecem a sua entrada. A atividade que pretendiam desenvolver é considerada cultural”, disse Danane, durante um evento em Maputo que celebrou os 50 anos do Senami, em resposta à Lusa.
O grupo chegou ao aeroporto internacional de Maputo no domingo, mas ao tentarem entrar com um visto que é normalmente emitido na fronteira, foram informados de que a legislação atual exclui as atividades remuneradas deste tipo de autorização, uma situação detectada durante a verificação da imigração.
O espetáculo, que tinha "casa cheia" no Centro Cultural China Moçambique para as 17h00 (16h00 em Lisboa), foi cancelado, levando Gilmário Vemba a partilhar através do Instagram que a entrada foi negada e que os bilhetes seriam reembolsados.
Ao que tudo indica, a produção do evento não solicitou a credencial necessária junto das autoridades moçambicanas, que teria facilitado a obtenção do visto cultural. Segundo Danane, essa responsabilidade cabia ao Ministério da Cultura de Moçambique.
No caso do brasileiro Murilo Couto, foi revelado que ele tinha efetuado um pedido de visto de negócios meses antes, mas não forneceu a documentação correta, o que resultou na sua incapacidade de obter a entrada necessária para o espetáculo.
“Não se pode entrar em nenhum país sem cumprir as regras de entrada. Tudo é baseado na legislação”, sublinhou o diretor-geral do Senami, esclarecendo que não houve qualquer tipo de medida administrativa, mas sim um estrito cumprimento da lei.
Gilmário Vemba já tinha atuado anteriormente em Moçambique sem incidentes. Entretanto, o assessor do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane afirmou que a recusa de entrada de Vemba estava relacionada com as suas opiniões, numa altura de crescente agitação social no país após as eleições de outubro.
Desde então, Moçambique tem experienciado um clima de forte agitação, com protestos e confrontos que resultaram em dezenas de mortes, particularmente entre os apoiantes de Mondlane.