Cultura

Maria Francisca Gama fala sobre 'A Filha da Louca' e o impacto da saúde mental na literatura

A autora Maria Francisca Gama apresenta seu novo romance, 'A Filha da Louca', explorando a saúde mental e suas repercussões na vida familiar, numa obra que promete tocar os leitores de forma profunda.

há 12 horas
Maria Francisca Gama fala sobre 'A Filha da Louca' e o impacto da saúde mental na literatura

Maria Francisca Gama é uma escritora em ascensão na cena literária portuguesa. Com uma carreira que começou precoce, com seu primeiro livro aos 15 anos, ganhou destaque com a obra 'A Cicatriz', publicada em 2024, que abordava um trauma profundo e cativou o público.

A autora regressou agora com 'A Filha da Louca', um romance que apresenta uma reflexão sobre a saúde mental, abordando o transtorno de personalidade borderline, as relações familiares e o luto. Em entrevista ao Notícias ao Minuto, Gama descreve que esta narrativa visa um público mais maduro e provoca uma sensação de “apneia” nos leitores, diferenciando-se significativamente de sua obra anterior.

Questionada sobre a receção do novo livro, Gama expressou surpresa com o feedback positivo, dado que 'A Filha da Louca' é uma obra distinta de 'A Cicatriz'. "Não sabia o que esperar, mas estou agradavelmente surpreendida", afirmou.

Sobre as comparações, Gama reconhece que é natural, mas defende a singularidade de cada obra, observando que 'A Filha da Louca' poderá ressoar mais com leitores adultos. A inspiração para a história da personagem Matilde surgiu após Gama ter se deparado com uma notícia perturbadora sobre uma mãe que falhou em proteger a sua filha, o que a levou a questionar a natureza da maternidade e os problemas subjacentes que podem influenciar comportamentos tão aberrantes.

A autora também quis trazer à tona o estigma em torno da saúde mental, salientando que muitos diagnosticados com a perturbação de personalidade borderline crêem que são más pessoas. "É importante destacar que isso não é verdade", diz Gama, enfatizando a necessidade de empatia e compreensão.

A narrativa é ainda uma oportunidade para a autora abordar os lutos que experienciou, embora frise que o seu luto é muito diferente do que Matilde vive na história. Gama recorda-se da sua relação próxima com o pai e confessa que, na sua escrita, é inevitável que suas experiências pessoais influenciem as personagens que cria.

Ao ser perguntada sobre a sua jornada enquanto escritora, Gama, que abandonou a advocacia há três anos em favor da escrita, confessa que a receção dos leitores foi um dos aspectos mais surpreendentes da profissão, destacando o quão gratificante é ver o impacto do seu trabalho na vida das pessoas.

Com um novo capítulo a começar na sua vida pessoal, à espera do nascimento da sua filha, Gama acredita que as gerações futuras estarão bem servidas no mundo da literatura, com uma crescente valorização da leitura pelas editoras e pelo público.

Para Gama, a literatura não é uma competição, mas sim uma celebração da individualidade e da diversidade das histórias que cada autor tem para contar.

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