Defesa da Energia Nuclear na África: Uma Necessidade Imperativa
O líder das Nações Unidas em África propõe a nuclear como solução para o aumento da procura energética, sublinhando a necessidade de um plano ousado e investimento estratégico.

Claver Gatete, secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África, defendeu hoje, em artigo de opinião, a adopção da energia nuclear como uma solução essencial para o desenvolvimento energético do continente. Gatete enfatiza que, para acompanhar o crescimento económico, África precisa de um aumento significativo na capacidade de produção de energia.
"É crucial que aproveitemos o enorme potencial da energia nuclear, adoptemos um compromisso político arrojado e estabeleçamos um roteiro nacional claro, com metas definidas para a operação de centrais e programas de capacitação a longo prazo", afirmou Gatete. Ele destacou que a produção energética nuclear pode gerar milhares de empregos qualificados e transformar a segurança energética em África.
Afiando a urgência do tema, Gatete alertou que a Agência Internacional de Energia prevê um aumento de 40% na procura de eletricidade até 2030, impulsionado pelo crescimento da indústria, comércio e agricultura. O cenário na Zona de Comércio Livre Continental Africana indica que as necessidades elétricas representarão até 14% da capacidade do continente nos próximos 20 anos, demandando um investimento extra de 22,4 mil milhões de dólares até 2040.
Reconhecendo as preocupações sobre a segurança da energia nuclear, como os desastres de Chernobyl e Fukushima, Gatete comentou que "os críticos têm os seus pontos válidos”, mas acrescentou que a central de Koeberg, na África do Sul, opera com segurança há quatro décadas, demonstrando a viabilidade da energia nuclear na região. Curiosamente, segundo especialistas, a energia nuclear é uma das fontes de energia mais seguras, com a menor taxa de mortalidade por kWh comparada a energias renováveis.
Exemplos de países que estão a investir ou expandir os seus programas nucleares incluem a Coreia do Sul, França, Egito, Ruanda, Gana, Uganda, África do Sul, Nigéria e Zâmbia. Além disso, várias nações africanas, como o Níger, Quénia e Marrocos, estão a colocar a energia nuclear no centro das suas políticas energéticas futuras.
Gatete conclui que "é chegada a hora de passar do potencial à acção", sugerindo que, se a energia nuclear for implementada de maneira eficaz, África poderá liderar nesta área vital.
A proposta vem na sequência de um anúncio do presidente do Banco Mundial, que revelou, pela primeira vez em décadas, o apoio a investimentos em energia nuclear, incluindo o prolongamento da vida útil de reatores existentes e melhorias nas infra-estruturas.”