Mundo

Brasil apela a ações concretas nas conferências da ONU

O Brasil solicita à comunidade internacional que as conferências da ONU sobre pobreza e alterações climáticas não sejam meras declarações, mas sim impulsionadores de desenvolvimento.

01/07/2025 15:35
Brasil apela a ações concretas nas conferências da ONU

No âmbito da IV Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento da ONU, que decorre em Sevilha, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, enfatizou a necessidade de que as importantes conferências da ONU deste ano, focadas no combate à pobreza e às alterações climáticas, não se limitem a ser "declarações de boas intenções".

Vieira, durante a sua intervenção perante representantes de mais de 190 países, sublinhou que os encontros agendados para as próximas semanas e meses, incluindo o G20 e a COP30 em Belém, representam uma "oportunidade única para promover um desenvolvimento mais justo, inclusivo e sustentável".

O ministro brasileiro destacou que "os desafios que enfrentamos são complexos e exigem uma abordagem inteligente e urgente". Ele fez apelo para que não se repitam velhas práticas: "Precisamos de avanços concretos. Sem financiamento adequado, as conferências e projetos não passarão de meras intenções."

Vieira frisou que, apesar do crescimento da economia mundial em 2024, a ajuda pública ao desenvolvimento sofreu uma queda de 7,1%, enquanto os orçamentos militares aumentaram em 9,4%. "Num mundo onde as armas parecem ter mais valor do que o combate à fome, à pobreza e à proteção do meio ambiente, devemos refletir sobre as nossas prioridades", disse.

Ele também alertou para o elevado custo das dívidas públicas nos países em desenvolvimento, indicando que os recursos estão a ser desviados para pagar dívidas em vez de serem utilizados para o desenvolvimento local. De acordo com dados da ONU, a dívida pública nos países em desenvolvimento atingiu 31 biliões de dólares, com juros recorde de 921 mil milhões de dólares em 2024.

No início da conferência, foi formalmente adotado o "Compromisso de Sevilha", um acordo sobre cooperação internacional e financiamento que a ONU estima ter um défice anual de quatro biliões de dólares. Embora o Brasil considere este compromisso um "avanço construtivo", Vieira fez notar que ainda faltam prioridades essenciais para os países em desenvolvimento.

O ministro identificou quatro principais áreas de foco: a reforma da arquitetura financeira internacional para maior inclusão; a reestruturação das dívidas públicas; o respeito pela soberania dos países para que possam traçar o seu próprio caminho de desenvolvimento; e o combate à fome e à pobreza, com atenção especial para questões étnicas e de género.

Mauro Vieira concluiu alertando que "o combate ao racismo e ao sexismo é fundamental para o verdadeiro desenvolvimento", e apelou à comunidade internacional para que 2024 se torne um ano de transição e ação concreta.

#AçãoConcreta #DesenvolvimentoSustentável #CompromissoGlobal