Transplante renal cruzado adiado por falha energética entre fronteiras

Nuno Gaibino, coordenador nacional de Transplantação do Instituto Português do Sangue e Transplantação, explicou que a falha no fornecimento elétrico, que afectou grandes áreas da Península Ibérica, obrigou a adiar a operação de transplante renal cruzado, a única intervenção deste tipo afetada.

A atividade, planeada há semanas, envolvia a execução de um programa internacional com paciente(s) sob regime de imunossupressão, tendo de ser coordenada com rigor entre hospitais portugueses e espanhóis. Decidiu-se, após intensas conversações entre a Coordenação Nacional de Transplantação, os conselhos de administração hospitalares e a Organização Nacional de Transplantação Espanhola, adiar o procedimento para 1 de maio. A operação contou ainda com o apoio da Força Aérea Portuguesa e da sua contraparte espanhola.

De acordo com Gaibino, a rede de doação e transplante mostrou uma resposta impressionante, implementando planos de contingência imediatamente após o início do apagão. Os hospitais mantiveram os procedimentos urgentes em funcionamento graças aos geradores de reserva, mesmo que com autonomia limitada. Assim, nenhum órgão ou dador foi perdido, garantindo a continuidade dos tratamentos e salvaguardando os doentes que aguardavam transplantes.

O Programa de Doação Renal Cruzada Internacional (PIDRC), que abrange também a Itália, reforça a cooperação entre países para superar incompatibilidades entre doadores e recetores, demonstrando a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde num cenário de crise energética sem precedentes.