Timorenses veem futuro promissor, mas expressam inquietação com rendimentos e serviços
A maioria dos timorenses tem uma visão positiva sobre o futuro, mas manifesta preocupação com baixos rendimentos, infraestrutura insuficiente e falta de emprego, revela um inquérito da Asia Foundation.

Um recente inquérito realizado pela Asia Foundation, denominado "Inquérito Tatoli", entrevistou 1.503 cidadãos de diversos municípios de Timor-Leste e apurou que a grande maioria dos timorenses, 69%, acredita que o país está a avançar na direção certa. Contudo, muitos expressam inquietação face à baixa remuneração, à insuficiência de infraestruturas e à escassez de oportunidades de emprego.
Desde 2013, este estudo visa capturar as opiniões da população, e os resultados divulgados na semana passada revelam que 53% dos inquiridos consideram os seus rendimentos demasiado baixos. Além disso, 36% referem a falta de infraestruturas como um dos maiores desafios, enquanto 27% destacam a dificuldade em encontrar empregos de qualidade.
Relativamente à situação económica familiar, apenas 53% dos timorenses se sentem em condições 'boas' ou 'muito boas', um valor que representa o nível mais baixo desde que a pergunta foi introduzida em 2016.
A insatisfação com os serviços de saúde e educação também foi um tema abordado, com os residentes em Díli a reportar uma diminuição na satisfação. O inquérito indica que as expectativas em relação ao bem-estar económico e à qualidade dos serviços públicos estão a aumentar.
Quanto às prioridades do Governo, 69% dos entrevistados colocam a saúde como a principal preocupação, seguida pela educação e formação (59%) e pela construção de estradas (58%). Esta súmula coincide com as edições de 2023 e 2022, mas sinaliza uma mudança na ordem de prioridades, com a saúde a emergir como questão fulcral a partir de 2025.
O estudo evidencia uma diferença de perspetivas entre zonas urbanas e rurais. Os residentes urbanos priorizam a saúde e a educação, enquanto os habitantes das áreas rurais focam as suas preocupações em estradas, água e eletricidade. Além disso, a qualidade da educação é a segunda maior preocupação para os cidadãos urbanos (39%) e para os jovens entre os 18 e 34 anos (28%).
A apreciação dos serviços de saúde, embora geralmente positiva, revela contrastes; 78% dos entrevistados afirmam ter acesso a médicos e enfermeiros quando necessário, 82% sentem que a sua família é tratada com respeito nas unidades de saúde, e 58% reportam a disponibilidade de medicamentos. No entanto, os moradores rurales mostram-se mais otimistas em relação aos serviços de saúde em comparação com os urbanos, invertendo tendências de anos anteriores.
Por fim, o inquérito destaca que a maioria dos entrevistados (85%) é a favor de uma maior participação política e cívica das mulheres, com um apoio ainda mais robusto entre os jovens (90%) e as pessoas com deficiência (77%).