Sementes de Esperança: ONU apoia 7,5 milhões de sudaneses na luta contra a fome
A FAO inicia entrega de sementes essenciais a 1,5 milhões de famílias no Sudão, enfrentando uma crise alimentar sem precedentes. A ajuda visa revitalizar a agricultura e combater a fome.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) anunciou, na sua mais recente comunicação, uma iniciativa destinada à distribuição de sementes a cerca de 7,5 milhões de pessoas em 17 dos 18 estados do Sudão.
Com o objetivo de apoiar 1,5 milhões de famílias de agricultores, a campanha começou no Darfur Ocidental, uma região onde mais de 750.000 pessoas enfrentam uma grave insegurança alimentar devido ao conflito que assola o país desde 15 de abril de 2023.
“O ato de plantar sementes simboliza a esperança por uma alimentação adequada. Esta é uma situação crítica que exige uma resposta rápida para salvar vidas”, afirmou QU Dongyu, diretor-geral da FAO.
Dados recentes revelam que a crise humanitária no Sudão chegou a um ponto alarmante, com 24,6 milhões de indivíduos, ou seja, metade da população, a viverem níveis elevados de insegurança alimentar aguda, conforme a Classificação Integrada da Segurança Alimentar (IPC).
A situação de fome (IPC Fase 5) foi identificada em cinco regiões do país, afetando diretamente 637.000 pessoas, com previsões de que este cenário possa expandir-se a mais áreas.
O conflito, que envolve o exército regular e as Forças de Apoio Rápido (RSF), junto a choques económicos e riscos naturais, tem exacerbado a situação. O acesso à ajuda e a escassez de fundos são obstáculos significativos, como lamentou a FAO.
A entidade já distribuiu perto de 1.000 toneladas métricas de sementes, incluindo sorgo, milho e quiabo, nos estados do Darfur Central, Ocidental, Oriental e Meridional. Além disso, a FAO está a adquirir mais de 3.000 toneladas métricas de sementes de várias culturas para beneficiar cerca de 330.000 famílias e mais de 1,6 milhões de pessoas.
A organização também está a intensificar esforços na saúde animal, prevendo vacinar oito milhões de animais pertencentes a três milhões de sudaneses, essencial para a subsistência rural.
No entanto, a resposta humanitária ainda carece de financiamento, necessitando urgentemente de mais de 156,7 milhões de dólares (cerca de 134 milhões de euros) para atingir 14 milhões de pessoas em 2025. Até ao momento, apenas 4,1 milhões de dólares (aproximadamente 3,5 milhões de euros) foram assegurados.
Este esforço é apoiado por diversas entidades, incluindo o Fundo Central de Resposta a Emergências (CERF) das Nações Unidas, a Suíça, o Fundo do Qatar para o Desenvolvimento através da Educação Acima de Tudo e a União Europeia.