Porta-voz do Livre aponta para a degradação do SNS e defende aumento dos investimentos públicos, enquanto o Governo alega melhora em relação ao ano anterior.
Rui Tavares, porta-voz do Livre, criticou fortemente a gestão sanitária do actual Governo, afirmando que a saúde em Portugal vem a deteriorar-se devido à falta de investimentos e medidas eficazes prometidas, sobretudo no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Durante o lançamento da candidatura do Livre no distrito de Leiria para as Eleições Legislativas de 18 de maio, o dirigente acusou o Governo de não ter conseguido inverter a "situação de degradação" do SNS, mesmo após ter prometido uma solução em "60 dias", que nunca se materializou, nem sequer no papel.
Ao comentar a situação das urgências encerradas na região de Leiria, Rui Tavares defendeu que o caminho para reverter este quadro passa por um aumento substancial do investimento público no SNS – um investimento que tem sido negligenciado há quase duas décadas, levando a um cenário de concorrência desleal com os serviços privados.
Entre as várias propostas do Livre, destaca-se o programa Regressar Saúde, que visa atrair de volta profissionais de saúde que se deslocaram para o estrangeiro ou abandonaram o SNS. Outras iniciativas incluem a obrigatoriedade de reporte de informação pelos privados à semelhança do setor público, uma reformulação das carreiras dos profissionais de saúde, a regulamentação da despenalização da morte medicamente assistida e a não renovação dos contratos das Parcerias Público-Privadas (PPP) vigentes.
Adicionalmente, o partido propõe acabar com a subcontratação de profissionais por meio de empresas de trabalho temporário e criar o estatuto de clínico-investigador, que permita a articulação entre a prática clínica e a investigação científica. Entre as restantes medidas, consta a eliminação do período obrigatório de reflexão de três dias após a consulta, a ampliação do prazo para as 14 semanas de Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) em todo o país e a melhoria do acesso a cuidados de saúde para a comunidade LGBTQIA+.
O Governo, por seu turno, defendeu a sua gestão, com o primeiro-ministro Luís Montenegro a afirmar que, embora se reconheça que existem desafios, a situação da Saúde é agora melhor do que há um ano, num contexto de críticas provenientes de diversos setores, nomeadamente do líder do PS.
Como resultado das eleições legislativas, o Livre apresentou, no círculo de Leiria, a trabalhadora-estudante e técnica de contabilidade Inês Pires como candidata, na esperança de reverter o atual panorama do setor da saúde.