A trégua de três dias com a Ucrânia, aprovada por Putin para o Dia da Vitória, já está em vigor, enquanto líderes internacionais comparecem nas cerimónias, desafiando o contexto de tensão.
A trégua de três dias com a Ucrânia, ordenada pelo Presidente russo Vladimir Putin em honra do 80º aniversário da Grande Vitória sobre a Alemanha nazi, já começou, segundo reportou a agência noticiosa estatal russa RIA.
Esta pausa nas hostilidades, que estará em vigor até à meia-noite de 11 de maio, não é reconhecida pela Ucrânia, que considera a iniciativa uma manobra propagandística e pediu um cessar-fogo de 30 dias. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também expressou que não pode garantir a segurança dos líderes estrangeiros presentes nas celebrações, uma declaração que o Kremlin interpretou como uma ameaça.
Putin, que já havia anunciado uma trégua durante a Páscoa que não foi respeitada, justificou a nova decisão por motivos humanitários e instou Kyiv a seguir o seu exemplo.
Dentre os dignitários que se esperam nas comemorações do Dia da Vitória, destaca-se o Presidente chinês, Xi Jiping, que chegou hoje ao aeroporto de Vnukovo, em Moscovo, onde permanecerá vários dias. O Presidente brasileiro, Lula da Silva, também chegou à capital russa, 15 anos após a sua última visita, com a sua chegada transmitida ao vivo na televisão russa.
A Rússia confirmou a presença de 29 líderes internacionais na parada militar, incluindo o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, que se distanciou dos restantes membros da União Europeia. Praticamente todos os líderes ocidentais estarão ausentes, exceto o Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, que já aterrou em Moscovo, desafiando os avisos de Bruxelas contra a presença de líderes de países candidatos à União Europeia.
No entanto, o Aeroporto Internacional de Domodedovo, localizado ao sul da capital russa, suspendeu operações temporariamente devido a ataques de drones ucranianos na região. Artyom Koreniako, porta-voz da Rosaviatsia, informou que restrições foram impostas a voos a partir das 19:15, hora de Moscovo, durante a chegadas dos líderes estrangeiros. Nos últimos dois dias, 186 voos foram desviados para aeroportos de emergência, segundo a mesma fonte.
Apesar dos ataques, Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, reiterou que a trégua "da parte russa, do presidente Putin, continua em vigor". Em relação aos incidentes nos aeroportos, Peskov afirmou que a recusa de Kyiv em aceitar a paz "justifica a continuidade da operação militar especial", como a Rússia denomina a sua invasão da Ucrânia que começou em fevereiro de 2022.
Embora os EUA inicialmente tenham rejeitado a ideia de cessar-fogos temporários, o ex-presidente Donald Trump manifestou apoio à iniciativa de Putin, afirmando que apesar de três dias parecerem breves, são significativos.
A invasão russa da Ucrânia, que começou a 24 de fevereiro de 2022, foi justificada por Moscovo com a alegação de proteger minorias separatistas no leste da Ucrânia e "desnazificar" o país, que se tem afastado da influência russa em direção ao Ocidente.