A França considera legítimo o pedido dos Países Baixos para que a UE examine o acordo de associação com Israel, destacando a falta de ajuda humanitária em Gaza.
A França manifestou hoje a sua aceitação do pedido feito pelos Países Baixos para que a Comissão Europeia reavalie o acordo de associação com Israel. Este pedido surgiu na semana passada, após constatações de que Telavive tem desrespeitado termos do tratado, especialmente no que toca à assistência humanitária a Gaza, que não chega à população local há mais de dois meses.
"Este pedido é justo e insto a Comissão Europeia a que o analise", afirmou o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Noël Barrot, sublinhando que as relações entre a União Europeia e Israel devem assentar no respeito pelos direitos humanos e pela ética democrática.
Na sua intervenção, Barrot não propôs uma revisão imediata do acordo, mas salientou a emergência de considerar a grave crise humanitária em Gaza. "É imprescindível que verbalizemos a realidade. Os palestinianos em Gaza enfrentam a fome e a sede, enquanto a Faixa de Gaza caminha para um estado de colapso", afirmou.
O ministro também mencionou que é crucial discutir abertamente estas questões e mencionou o apoio de vozes dentro da comunidade judaica que se opõem às atuais ações do governo israelita. Na quarta-feira passada, o ministro holandês, Caspar Veldkamp, dirigiu uma carta à chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, onde pediu a revisão das violação do artigo 2.º do acordo, que assegura o respeito pelo direito internacional humanitário.
O bloqueio israelita a Gaza, em vigor desde março, tem impedido a entrada de ajuda humanitária, exacerbando a situação na região. Embora Israel tenha aprovado um plano para restabelecer esta ajuda, várias organizações humanitárias criticarama proposta, alegando que não cumpre os princípios humanitários fundamentais e que ainda deixa muitas pessoas desamparadas.
Na carta, Veldkamp enfatizou a necessidade de o Hamas libertar todos os reféns israelitas e afirmou que esse grupo não deveria ter qualquer papel na futura administração da Faixa de Gaza. Este pedido é visto como um importante sinal político, tanto para Israel quanto para outros países da União Europeia.
O Acordo de Associação entre a UE e Israel, que foi estabelecido em 2000, visa promover a cooperação política e económica. Veldkamp também deixou claro que a Holanda suspenderá qualquer apoio a futuras extensões do acordo até que a investigação solicitada sobre a violação dos direitos humanos e princípios democráticos seja adequadamente realizada.