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Governo britânico avança com novo plano para limitar imigração

há 4 horas

O primeiro-ministro Keir Starmer anunciou medidas rigorosas para controlar a imigração no Reino Unido, em resposta ao aumento do populismo de direita e à crescente pressão pública sobre a questão.

Governo britânico avança com novo plano para limitar imigração

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, apresentou hoje um conjunto de medidas destinadas a "retomar o controlo das fronteiras do Reino Unido", num cenário em que a pressão do populismo de direita está a aumentar.

Durante uma conferência de imprensa, Starmer declarou que todas as vertentes do sistema de imigração, incluindo vistos de trabalho, reagrupamento familiar e vistos de estudo, serão reforçadas para garantir um melhor controle.

"O sistema atual parece quase desenhado para incentivar abusos, com algumas empresas a preferirem contratar trabalhadores com salários mais baixos em vez de investir na formação dos nossos jovens", criticou.

Este anúncio surge em conjunto com um Livro Branco sobre a Imigração que propõe medidas para reduzir o fluxo migratório e "eliminar a dependência da mão de obra estrangeira". Entre as novas regras, destaca-se a exigência de que os trabalhadores possuam licenciaturas e salários mais elevados para a obtenção de vistos, com o intuito de evitar a contratação de mão de obra não qualificada.

Adicionalmente, o Governo aumentou o tempo necessário para a obtenção de estatuto de residência permanente, de cinco para dez anos, exceto para aqueles que provarem ter feito "uma contribuição significativa e duradoura para a economia". Também será exigido um melhor domínio da língua inglesa.

No entanto, certas categorias profissionais, como enfermeiros, médicos, engenheiros e especialistas em Inteligência Artificial, receberão prioridade na concessão de vistos.

"Os nossos serviços públicos estão sob pressão, os custos de habitação estão a subir e os empregadores têm optado por mão de obra estrangeira em vez de investir na formação", sublinhou Starmer, destacando que em áreas como a engenharia, a oferta de estágios caiu quase à metade, enquanto os vistos de trabalho aumentaram.

O plano inclui ainda o aperto das normas para deportações de criminosos condenados a penas inferiores a 12 meses por delitos como assaltos ou crimes de violência doméstica.

Esta iniciativa é vista como uma resposta à crescente popularidade do Partido Reformista, que se posiciona de forma populista e anti-imigração, partido que triunfou nas eleições autárquicas de maio, refletindo a frustração dos cidadãos sobre esta temática.

A questão da imigração vem ganhando importância no Reino Unido desde 2004, com a expansão da União Europeia para a Europa de Leste. Enquanto a maioria dos países da UE impôs restrições, o Reino Unido abriu as portas ao mercado de trabalho, atraindo um grande número de imigrantes.

O ex-primeiro-ministro David Cameron, em 2010, comprometeu-se a reduzir o saldo de imigração para menos de 100.000, meta que permaneceu fora de alcance para quatro governos conservadores. De acordo com o Office for National Statistics, o saldo migratório anual chegou a 728 mil até junho de 2024, indicando que continuam a entrar mais pessoas do que as que saem.

O referendo de 2016 que levou ao Brexit foi interpretado como um descontentamento dos britânicos com a incapacidade governamental de controlar a imigração. No entanto, o resultado não resultou numa diminuição dos imigrantes com visto de trabalho, de estudante ou de reagrupamento familiar, apenas se observou uma diminuição no número de cidadãos europeus, sendo substituídos por imigrantes de outras nacionalidades.

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