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"Memórias de Alcatraz: Reflexões de um ex-recluso aos 93 anos"

há 17 horas

Charlie Hopkins, um dos últimos sobreviventes da infame prisão de Alcatraz, relembra a solidão e os desafios do seu tempo atrás das grades.

"Memórias de Alcatraz: Reflexões de um ex-recluso aos 93 anos"

Charlie Hopkins, um dos últimos ex-reclusos vivos da famosa prisão de Alcatraz, recorda com detalhe os três anos passados nesta instalação emblemática dos Estados Unidos, após notícias sobre a sua possível reabertura por parte do ex-presidente Donald Trump.

Com 93 anos, Hopkins foi enviado para Alcatraz, localizada na baía de São Francisco, em 1955, para cumprir uma pena de 17 anos por rapto e roubo, depois de ter enfrentado problemas em várias outras prisões.

Quase sete décadas mais tarde, o ex-recluso partilhou as suas memórias do “silêncio mortal” que preenchia as noites na sua cela. “É um som solitário”, afirmou Hopkins, evocando a canção de Hank Williams, “I'm So Lonesome I Could Cry”.

Ao chegar a Alcatraz, depois de ser transferido de uma prisão em Atlanta, ele lembrou a falta de entretenimento. Sem rádio e com poucos livros disponíveis, as opções de distração eram escassas: “Não havia nada para fazer. Podia-se andar pela cela ou fazer flexões”.

Hopkins, que foi condenado em Jacksonville, Florida, em 1952, também se viu envolvido em vários problemas, levando-o ao temido "Bloco D", uma solitária para reclusos indisciplinados. Ele recorda um episódio em que acabou seis meses em isolamento após uma tentativa frustrada de fuga, onde ele e outros prisioneiros tentaram usar lâminas de serra que roubaram da oficina elétrica para cortar as barras das suas celas. “Poucos dias depois, fui apanhado também”, acrescentou.

Ele deixou Alcatraz cinco anos antes do seu encerramento definitivo, sendo transferido para uma prisão em Springfield, Missouri, onde recebeu tratamento psiquiátrico que o ajudou a lidar com problemas psicológicos. Foi libertado em 1963 e retornou à Florida, onde construiu uma nova vida com a família, incluindo uma filha e um neto.

Recentemente, Trump anunciou planos para reabrir Alcatraz com o objetivo de encarcerar os “criminosos mais perigosos” do país. Esta prisão, que já acolheu notórios chefes da máfia, como Al Capone, fechou após 29 anos devido a custos operacionais elevados.

Alcatraz ficou famosa, não só pela sua história, mas também pela icónica fuga de 1962, que deu origem a um livro e um filme. O custo elevado de manter a prisão em funcionamento, incluindo o transporte de suprimentos por barco e o fornecimento de água potável, levou à sua desativação.

Durante os seus anos de funcionamento, Alcatraz abrigou entre 260 e 275 prisioneiros em média, representando menos de 1% da população prisional dos Estados Unidos. Os detentos tinham direito a alimentação, vestuário, alojamento e cuidados médicos, enquanto outros benefícios eram considerados privilégios que tinham de ser conquistados.

Atualmente, a antiga prisão, situada a apenas dois quilómetros da costa, é uma atração turística popular, recebendo anualmente mais de um milhão de visitantes de diversas partes do mundo.

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