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Proibições de manifestações em Istambul após detenções de caricaturistas

A polícia turca impõe restrições em Istambul, após confrontos e detenções ligadas à publicação de uma caricatura de Maomé pela revista Leman.

há 7 horas
Proibições de manifestações em Istambul após detenções de caricaturistas

O centro de Istambul foi fortemente policiado e isolado na sequência de confrontos ocorridos após as detenções dos membros da revista satírica Leman, conhecida pela sua oposição ao governo, que enfrentou acusações de publicar uma caricatura considerada ofensiva ao profeta Maomé.

Na noite de segunda-feira, o bairro de Istiklal tornou-se o palco de tumultos, que surgiram em resposta ao anúncio das detenções de editores e colaboradores da revista, que as autoridades alegam terem ridicularizado o líder religioso.

A Leman, por sua vez, refutou as acusações. O governador da zona central de Istambul adotou medidas preventivas, proibindo qualquer tipo de manifestação no local e alertando que outras áreas da cidade poderiam ser alvo de semelhantes restrições.

Durante os confrontos, um grupo de manifestantes dirigiu-se a um bar frequentado por funcionários da revista, culminando em distúrbios que envolveram cerca de 300 pessoas, segundo relatos de jornalistas da agência France-Presse (AFP). A polícia recorreu então ao uso de balas de borracha e gás lacrimogéneo para pôr fim à agitação.

Seis mandados de captura foram emitidos contra os redatores da Leman, entre os quais quatro já foram detidos, conforme confirmou Ali Yerlikaya, Ministro do Interior. Este frisou que os envolvidos terão de enfrentar a justiça, designando-os como "indivíduos sem vergonha".

Tuncay Akgun, editor da revista e que se encontrava no estrangeiro, rejeitou as acusações, afirmando que a caricatura não tinha como intenção ofender. "Este desenho não retrata o profeta Maomé", disse, explicando que a ilustração aludia a um muçulmano falecido em Gaza devido a bombardeamentos israelitas.

A caricatura mostra duas figuras no "céu" sobre uma cidade em ruínas, onde um personagem se apresenta como Maomé, enquanto o outro se identifica como Musa (Moisés). A revista declarou que o caricaturista nunca almejou menosprezar os valores islâmicos.

Em resposta a estes acontecimentos, Erol Onderoglu, representante da organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) na Turquia, criticou firmemente as detenções e a atuação policial, sublinhando que a segurança dos cartoonistas deve ser priorizada.

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