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Novo Governo deve agir imediatamente contra a violência digital sobre mulheres

há 19 horas

A CIG alerta para a necessidade urgente de enfrentar a violência online contra mulheres, sublinhando que o próximo Governo deve priorizar esta questão crucial da atualidade.

Novo Governo deve agir imediatamente contra a violência digital sobre mulheres

A Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) defende que o novo Governo que se formará após as próximas eleições deve "atuar já" contra a violência online direcionada às mulheres. A presidente da CIG, Sandra Ribeiro, enfatizou a gravidade da disseminação de conteúdos misóginos e de incitação à violência em várias plataformas digitais.

"Esta questão deve ser um dos tópicos centrais a serem abordados pelo novo executivo", afirmou Ribeiro à Lusa, referindo-se ao impacto negativo de vídeos que circulam em redes sociais, como um caso específico que envolveu uma alegada violação em Loures, onde o vídeo foi visualizado por milhares sem que alguém tivesse reportado. "Não podemos aceitar essa normalização de comportamentos tão prejudiciais", acrescentou.

A responsável alerta para uma "voz masculina tóxica" que se tem disseminado, promovendo a ideia de que o lugar das mulheres é em casa, que sugere um retrocesso e que reflete uma problemática alarmante. "Estamos a falar de um desafio crucial da década", sublinhou.

Ribeiro abordou ainda a influência que estas narrativas têm nos jovens, que passam horas expostos a conteúdos nas redes sociais, muitas vezes promovidos por figuras que glorificam um estilo de vida opulento e machista. Acesso fácil à pornografia entre adolescentes também distorce a sua visão sobre relacionamentos e sexualidade.

A CIG apela a uma "narrativa coletiva de tolerância zero" em relação à violência digital, exigindo que a sociedade se una contra essa violência. Para isso, as escolas devem estar preparadas e equipadas, e é necessário reforçar os mecanismos institucionais para que as vítimas saibam onde denunciar.

"Precisamos também do apoio do setor artístico e do desporto, pessoas com visibilidade pública que se juntem a esta causa", afirmou, destacando a importância da regulação. Em 2024, a União Europeia aprovou uma diretiva para criminalizar ciberviolência, estipulando um prazo até 2027 para a implementação, mas Ribeiro afirma que "não podemos esperar tanto tempo" pois muitos problemas podem surgir até lá.

Finalmente, a presidente da CIG propõe um maior diálogo com empresas tecnológicas para que se estabeleçam acordos que visem um controle mais eficiente da violência digital. "Se não conseguirmos regular, perderemos todo o controle sobre o que é visível online", concluiu, referindo-se aos riscos crescentes da radicalização entre jovens, especialmente rapazes.

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#ViolenciaOnline #IgualdadeDeGenero #ToleranciaZero