Após o falecimento do Papa Francisco, a proposta de renomear o Parque Tejo levanta críticas e pedidos de requalificação do espaço, em Lisboa e Loures.
Na sequência do falecimento do Papa Francisco, aos 88 anos, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), anunciou a intenção de sugerir a alteração do nome do Parque Tejo para Parque Papa Francisco. A ideia surgiu à margem de uma missa de homenagem ao pontífice e visa prestar uma homenagem pelo seu impacto e pelas visitas a Portugal.
No entanto, nem todos acolhem a proposta de bom grado. A bancada do PS em Lisboa, embora concorde com a homenagem, advertiu que o foco não deve ser exclusivo no topónimo e sim na intervenção necessária para reabilitar o espaço, que corre o risco de se transformar num descampado. Assim, há um apelo para que sejam implementadas melhorias efetivas e, sobretudo, uma requalificação que dê vida a este parque desenvolvido numa antiga lixeira, conhecida como aterro sanitário de Beirolas.
O Parque Tejo, com cerca de 100 hectares distribuídos entre os concelhos de Lisboa e Loures, ganhou notoriedade ao sediar a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em agosto de 2023, um evento que reuniu aproximadamente 1,5 milhões de pessoas, com a presença do próprio Papa Francisco.
O caso acendeu polémicas entre os vereadores. Enquanto alguns, tal como os de Cidadãos Por Lisboa (coligação PS/Livre), sublinham a necessidade de cuidar do uso e do estado deste espaço, outros, como o vereador do Livre, Rui Tavares, criticam a ideia, apontando que a reatribuição do topónimo deveria respeitar as normas de toponímia que estipulam um intervalo de cinco anos após o falecimento da personalidade.
Paralelamente, a Câmara de Loures, liderada por Ricardo Leão (PS), anunciou que formalizará na próxima semana o nome Parque Papa Francisco. Foram já visíveis sinais desta mudança, com outdoors na área que já fazem referência ao novo topónimo, apesar das obras de requalificação do parque, inicialmente previstas para fevereiro deste ano, ainda estarem em curso.
Debates semelhantes surgiram em outros projetos ligados ao Parque Tejo, como a controvérsia em torno da ponte ciclopedonal sobre o rio Trancão, cuja batização anterior gerou uma série de propostas e uma petição que recolheu mais de 17 mil assinaturas. A discussão reflete a complexidade de alterar topónimos e a importância de envolver a comunidade na definição de espaços de grande significado para a cidade.