Incêndio na Pampilhosa da Serra alastra e comunidades enfrentam desafios
Na Pampilhosa da Serra, distrito de Coimbra, as chamas continuam a propagar-se, levando à evacuação de aldeias e à mobilização de mais de mil operacionais no combate ao incêndio.

O incêndio na Pampilhosa da Serra tem-se intensificado, movido por ventos fortes e a múltiplas projeções, estendendo-se por vários quilómetros, conforme relatou o presidente da câmara, Jorge Custódio, pelas 22:30.
As chamas, que já devastaram a aldeia das Meãs com imensa violência desde as 17:00, provocaram destruição generalizada, com apenas as casas a sobreviverem. O autarca expressou a sua preocupação à agência Lusa, sublinhando a dificuldade enfrentada pelos bombeiros e operacionais: "O incêndio tomou proporções alarmantes. A única estratégia parece ser a defesa das pessoas, o que gera muita apreensão."
Além de Meãs e Aradas, Jorge Custódio referiu também a crescente preocupação com as localidades de Portela de Unhais e a sede da freguesia de Unhais-o-Velho. De acordo com o autarca, os esforços concentrados dos serviços municipais e da GNR para convencer os residentes a abandonarem as aldeias têm sido em vão. "A maior parte dos habitantes prefere permanecer e proteger os seus bens," lamentou.
Custódio comparou o espírito de solidariedade entre os locais e veranistas ao comportamento das formigas em momentos de crise: "Numa situação destas, todos colocam de lado os seus problemas e se unem para ajudar."
O autarca fez um apelo urgente por mais recursos no combate ao incêndio, destacando que a situação na Pampilhosa da Serra se assemelha ao devastador incêndio de 2017. “Para que possamos controlar a situação, é crucial que os meios de combate estejam disponíveis e ativos.”
Em relação à frente de incêndio nas proximidades de Relvas, em Arganil, Custódio afirmou que se encontra controlada, mas permanece atento à evolução.
Até ao final da noite, quase seis dias após o início do incêndio em Arganil, o dispositivo no terreno é o maior já visto, com mais de 1.100 operacionais e 384 viaturas, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
Desde julho, Portugal tem enfrentado uma onda de incêndios rurais, especialmente nas regiões Norte e Centro, resultado de temperaturas elevadas que levaram à declaração do estado de alerta desde 2 de agosto. Estes sinistros causaram dois mortos e múltiplos feridos, além de devastação em habitações e áreas agrícolas.
Como resposta, o país ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, prevendo a chegada de dois aviões Fire Boss para reforçar os esforços de combate aos incêndios na próxima segunda-feira.
Dados provisórios revelam que, até 17 de agosto, ardemos 172 mil hectares, uma área superior à total queimada em todo o ano de 2024.