Impacto das Altas Temperaturas na Saúde Mental: Um Alerta Necessário
Altas temperaturas podem gerar ansiedade e solidão, alertam investigadores. É vital monitorizar os efeitos do calor na saúde psicológica, especialmente em tempos de mudança climática.

Com o continente europeu a enfrentar uma onda de calor sem precedentes, especialistas, incluindo psiquiatras, têm vindo a manifestar preocupações sobre as repercussões das altas temperaturas na saúde mental. Embora a abrangência deste fenómeno ainda não seja totalmente compreendida, as evidências disponíveis sugerem que o calor pode desencadear uma série de problemas psicológicos.
Bernard Granger, psiquiatra do Hospital Cochin em Paris, ressalta: “O calor promove ansiedade, resulta em cancelamentos de consultas prejudiciais e gera isolamento.” Estes sintomas, embora preocupantes, não têm sido observados de forma uniforme em todos os locais. Na mesma cidade, o departamento de urgências psiquiátricas de Sainte-Anne reportou uma “afluência invulgar” de doentes, mas não se conseguiu estabelecer uma ligação direta com as temperaturas extremas.
Nos últimos anos, a incidência de tais casos tem aumentado, motivando a necessidade de um exame mais atento sobre como o aquecimento global impacta a saúde mental. Apesar de os dados ainda serem dispersos, as consequências do calor são bem documentadas para outras condições de saúde, como as cardiovasculares e respiratórias.
Um estudo recente na revista Lancet Planetary Health revelava que “muito ainda se ignora sobre o impacto do aumento das temperaturas na saúde psicológica.” Os investigadores identificaram diferentes mecanismos pelos quais o calor pode afetar a mente, como a interrupção na produção de serotonina, a deterioração do sono e o aumento do consumo de álcool.
A pesquisa, que analisou cerca de vinte estudos preliminares, destacou uma conexão potencial entre temperaturas elevadas e taxa de suicídios, embora a metodologia e os resultados variem entre os diferentes estudos. Além disso, as ondas de calor parecem contribuir para um aumento de aproximadamente 10% nas visitas às urgências, um fator que, mesmo moderado, pode intensificar a pressão sobre os serviços de saúde já sobrecarregados durante o verão.
É importante ressaltar que um recente estudo australiano, publicado na Nature Climate Change, confirmou um “impacto crescente” do calor extremo na saúde mental, embora a avaliação detalhada desses efeitos ainda represente um desafio.
Para finalizar, as recomendações apontam não apenas para uma vigilância geral da população, mas também para a necessidade de um acompanhamento especial dos pacientes em tratamento, visto que alguns distúrbios comportamentais podem dificultar a adesão a medidas preventivas, como a hidratação, conforme observou Granger.