Iluminação dos casinos pode aumentar a propensão a apostas arriscadas
Estudo australiano revela que a luz azul de casinos e ecrãs LED pode diminuir a sensibilidade a perdas financeiras, incentivando comportamentos de jogo de risco.

A presença de luz azul em casinos pode estar a provocar um aumento nas apostas de risco por parte dos jogadores, segundo uma investigação recente publicada na *Scientific Reports*. O estudo, realizado por investigadores da Universidade Flinders e da Universidade Monash, na Austrália, encontrou uma forte correlação entre a iluminação azul e comportamentos de jogo mais ousados.
Alicia Lander, psicóloga do Flinders Health and Medical Research Institute (FHMRI), destaca que a iluminação rica em azul, frequentemente utilizada em decoração de casinos e em ecrãs LED, influencia a forma como os indivíduos percebem as suas perdas e ganhos. “Essa descoberta suscita inquietações sobre o impacto que a iluminação pode ter em ambientes de jogo, tanto físicos como online”, afirma Lander.
O estudo envolveu 15 voluntários entre os 18 e os 27 anos, que foram convidados a participar em simulações de jogo sob diferentes condições de iluminação. Os participantes realizaram as tarefas em cenários com iluminação azul enriquecida e outros com luz azul reduzida, mantendo um brilho uniforme. Antes do início das atividades, eles foram informados que poderiam ganhar 20 dólares (cerca de 16 euros) dependendo do seu desempenho.
Resultados revelaram que, sob luz azul intensa, os jogadores mostraram uma considerável diminuição na aversão a perdas, sendo que os homens apresentaram uma maior tendência para realizar apostas arriscadas em comparação com as mulheres, corroborando estudos prévios sobre diferenças de género neste âmbito.
Os investigadores sugerem que a resposta não visual à luz, conhecida como fotorreceção circadiana, poderá ter um efeito crucial, uma vez que a luz azul ativa células oculares ligadas a áreas do cérebro responsáveis pela tomada de decisões e pelo processamento de recompensas.
“Quando a iluminação era de menor intensidade azul, as perdas pareciam mais severas em comparação com os ganhos. No entanto, sob uma luz azul intensa, a percepção de perda não parecia tão negativa, levando os jogadores a arriscar mais”, explica Lander.
A presença predominante de luz azul em ambientes de jogo, que contrasta com a iluminação mais quente utilizada em residências ou em dispositivos para dormir, suscita questões éticas, já que tal ambiente pode favorecer a tomada de riscos, beneficiando os estabelecimentos em detrimento dos jogadores.
Embora o estudo tenha sido realizado em condições de laboratório e envolva uma amostra limitada, oferece uma base para futuras investigações sobre o impacto da iluminação em comportamentos de jogo. O biólogo circadiano Sean Cain, do FHMRI, ressalta a possibilidade de que uma simples redução da luz azul em casinos poderia encorajar uma abordagem mais consciente e segura ao jogo.