Estudo revela que a qualificação dos trabalhadores em Portugal supera a dos empregadores, com um quarto a receber o salário mínimo, destacando desafios no mercado laboral.
Um recente estudo da Pordata, sobre o perfil do trabalhador em Portugal, indica que os trabalhadores no país possuem um nível de escolaridade superior ao dos empregadores. Aproximadamente 25% destes profissionais recebem apenas o salário mínimo nacional.
De um total de 5,1 milhões de trabalhadores, 34% detêm pelo menos um diploma universitário, enquanto apenas 28% dos empregadores alcançaram esse nível. Portugal apresenta a maior proporção de empregadores sem escolaridade ou apenas com o ensino básico entre 23 países da União Europeia com dados disponíveis para 2024. A média de empregadores na UE com o menor nível de formação é de 16%, enquanto em Portugal esse número atinge os 42%.
Nos últimos dez anos, entre 2014 e 2024, o país registou um aumento de 700 mil trabalhadores com diploma superior, refletindo um crescimento de 61,8% em comparação com 2014, ano em que o nível de escolaridade desses trabalhadores era de 25%.
Entre os mais de cinco milhões de trabalhadores, 302 mil são estrangeiros, principalmente de fora da União Europeia, número que quase triplicou desde 2014.
Em termos salariais, o estudo aponta que Portugal ocupa a 9.ª posição dos países com os salários médios mais baixos da União Europeia, com um salário médio de 22.293 euros, frente aos 30% mais elevados em Espanha. Luxembourg lidera a lista com 81.064 euros.
Além disso, cerca de 22,8% dos trabalhadores em 2022 recebiam o salário mínimo nacional, sendo essa proporção maior entre as mulheres (27,1%), os jovens (36,1%), os que têm formação até ao ensino básico (32,9%) e os trabalhadores estrangeiros (38,0%).
Apesar de uma subida nominal de 24% no salário médio entre 2019 e 2023, o aumento dos preços das habitações foi de 45%, enquanto na UE essas variações foram de 16% e 23%, respetivamente.
O estudo também revela que, embora as pequenas empresas dominem o panorama empresarial em Portugal, representam apenas 44% da força de trabalho, ao passo que as grandes empresas respondem por mais de um milhão de empregos e experimentaram um crescimento de 14% nos últimos dois anos.