O FMI alerta que, mesmo com tarifas moderadas, a desaceleração global e políticas restritivas poderão afetar os preços dos produtos e a taxa de câmbio na América Latina.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) revelou que as tarifas impostas pelas recentes medidas do presidente norte-americano poderão ter efeitos indiretos na economia da América Latina. Ainda que os encargos aplicados à região se mantenham baixos, um arrefecimento do crescimento mundial pode reduzir a procura por produtos básicos e influenciar negativamente os preços, bem como precipitar uma depreciação das moedas locais.
Rodrigo Valdés, diretor do departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, comentou durante uma conferência de imprensa realizada em Washington no âmbito dos encontros de primavera do FMI e do Banco Mundial. Segundo Valdés, "o abrandamento do crescimento mundial, a elevada incerteza, o impacto das tarifas e o rigor das políticas nacionais em alguns países são fatores determinantes para o modesto desempenho económico projetado para a região."
No seu relatório de perspetivas económicas globais, o FMI prevê uma redução no crescimento dos países latino-americanos, de 2,4% para 2%, cenário que reflete as atuais incertezas económicas. Ainda em abril, o presidente norte-americano anunciou uma pausa de 90 dias à aplicação de tarifas adicionais aos parceiros comerciais, contudo, a tarifa global de 10%, bem como a de 145% direcionada à China, permanecem em vigor e poderão ter consequências de maior alcance para a região.