Famílias afetadas por demolições em Loures estão a viver nas ruas
Moradores do Bairro do Talude Militar, em Loures, estão expulsos de suas casas e dormem ao relento, enquanto a Câmara tenta apoiar as 10 famílias que necessitam de alternativa habitacional.

Moradores do Bairro do Talude Militar, em Loures, estão a enfrentar uma situação crítica após a demolição de 25 habitações precárias. Muitos deles foram obrigados a "dormir ao relento", com algumas crianças a serem acolhidas por vizinhos, segundo Kedy Santos, deputado municipal da CDU que está a acompanhar a situação.
A Câmara de Loures confirmou que a operação de demolição, parte da sua política de combate à ocupação ilegal, afetou 37 adultos e nove crianças. Após o contacto com os serviços sociais na Casa da Cultura de Sacavém, os moradores regressaram ao bairro sem um lugar seguro para passar a noite, uma vez que muitos trabalham nas imediações e temem represálias.
O deputado Kedy Santos criticou a ajuda limitada da câmara, que apenas disponibiliza o valor da primeira renda e caução a algumas famílias, que, apesar de trabalhadoras, não conseguem entrar no mercado de arrendamento. Santos enfatizou a falta de diálogo e soluções concretas, assinalando que não houve um aumento significativo de barracas na área nos últimos meses.
"Deixar as pessoas expostas ao relento, sem garantir um futuro, é inaceitável", defendeu Santos, que solicitou aos desalojados que se aproximem da junta de freguesia em busca de assistência.
As pessoas afetadas expressaram o desejo de continuar a viver em condições mínimas, sem querer passar à frente de ninguém nas listas de habitação, destacando que não são apenas imigrantes, mas também portugueses que foram impactados pelo aumento das rendas em bairros vizinhos.
A Câmara de Loures justificou a demolição como uma medida necessária para travar o crescimento da autoconstrução ilegal, que tem aumentado nos últimos anos, e reiterou a sua política de "tolerância zero" para situações que coloquem em causa a saúde e a segurança públicas.
Apesar dos 17 agregados familiares que procuraram assistência, apenas 12 residem atualmente no concelho. A autarquia afirmou que continuará a apoiar a busca por alternativas habitacionais e que muitos trabalhadores estão a passar por uma situação de precariedade, tornando ainda mais difícil a procura por um lar.
O movimento Vida Justa criticou a Câmara por não fornecer um acompanhamento próximo e acusou-a de tentar forçar a saída de moradores dos bairros sociais, resultando assim em novas famílias sem abrigo.