EUA consideram baixar tarifas se défices comerciais forem ajustados
O secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, indicou que as tarifas sobre importações podem ser revistas se os desequilíbrios comerciais forem corrigidos, segundo uma entrevista ao Nikkei.

Na última quinta-feira, Scott Bessent, secretário do Tesouro dos Estados Unidos, revelou numa entrevista ao jornal japonês Nikkei que as tarifas impostas pelo país às importações de diversas nações podem ser reduzidas se houver uma melhoria nos desequilíbrios comerciais.
Bessent, que tem liderado as negociações comerciais com potências como o Japão e a China, fez estas declarações no mesmo dia em que a administração Trump iniciou a aplicação de novas taxas, designadas "tarifas recíprocas", com um aumento de 15% sobre todas as importações do Japão.
O secretário destacou que o principal intuito das tarifas é o "reequilíbrio" do défice da balança corrente, que atingiu, em 2024, um montante alarmante de 1,18 biliões de dólares (cerca de 1,01 biliões de euros), o que o torna o maior défice entre os países desenvolvidos.
Bessent alertou para os potenciais riscos de uma crise financeira devido a um défice nesse nível e sublinhou a importância de um "regresso da produção" aos Estados Unidos, o que reduziria as importações e contribuiria para o "reequilíbrio" da balança comercial.
Relativamente às negociações com países que ainda não têm acordos, Bessent mencionou um prazo em "final de outubro" para concluir a maioria delas, frisando que as conversações com a China se tornam "difíceis" devido ao caráter da economia chinesa, que não se posiciona como uma economia de mercado.
Ele também abordou a sobreprodução chinesa e as práticas de exportação a preços muito baixos, afirmando que muitas vezes essas produções estão abaixo do custo e são mais focadas em objetivos de emprego do que em lucratividade.
Quanto ao Japão, além da tarifa já mencionada, este país comprometeu-se a criar um pacote de investimentos e empréstimos no valor de 550 mil milhões de dólares (457,4 mil milhões de euros). Bessent expressou otimismo em relação a uma recente "parceria industrial de ouro" que foi estabelecida, como resultado de uma oferta substancial do governo japonês, acreditando que isso contribuirá para o "equilíbrio" desejado por Washington.
Segundo o Departamento do Tesouro, esta entrevista foi a primeira exclusiva concedida por Bessent a meios de comunicação que não são cadeias de televisão dos EUA.
Com a implementação das novas tarifas pela administração Trump, a taxa média aplicada subiu para 18,6%, um índice que não se via desde o fim da Segunda Guerra Mundial, conforme estimativas da Universidade de Yale.