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ERC deve adotar uma visão dupla entre passado e futuro

Em intervenção no congresso da APDC, Telmo Gonçalves, membro da ERC, defendeu que o regulador de media deve equilibrar uma abordagem conservadora e progressista, respondendo aos desafios atuais.

01/07/2025 18:20
ERC deve adotar uma visão dupla entre passado e futuro

Durante o 34.º congresso da APDC, realizado na Culturgest em Lisboa sob o tema 'Business & Science Working Together', Telmo Gonçalves, membro do Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), enfatizou a importância de uma visão holística em face das transformações mediáticas.

"Que papel deve desempenhar a ERC em tempos de incerteza e desafios para as empresas de comunicação?" questionou Gonçalves, evocando o deus romano Janus, que simboliza a dualidade entre o que foi e o que está por vir. "O regulador deve ser uma força que olha para o passado enquanto navega o presente", afirmou, destacando a necessidade de ser ao mesmo tempo conservador e progressista no percurso do setor.

Gonçalves informou ainda que a ERC pode ser um referencial importante para proteger os valores fundamentais que definem a comunicação social em democracias, ao mesmo tempo que se mantém aberta a novas dinâmicas que ajudem a indústria e os cidadãos a encontrarem respostas mais eficazes na comunicação.

Ele sublinhou também o desafio que representa a implementação de novas legislações, reconhecendo que "acompanhar o ritmo acelerado da produção legislativa tem sido um grande desafio".

No decorrer da sua intervenção, elencou três dinâmicas fundamentais de erosão que afetam o setor mediático e exigem adaptações rápidas por parte das empresas. A primeira, e a mais impactante, é a diminuição da influência dos médias tradicionais como principais fontes de informação e entretenimento, consequência da ascensão da Internet e das tecnologias digitais, que transformaram profundamente a comunicação social.

O surgimento das redes sociais, plataformas de partilha de vídeos e serviços de 'streaming', bem como a relevância crescente de novos agentes como 'influencers' e 'youtubers', fazem com que os médias enfrentem desafios sem precedentes, obrigando-se a reinventar-se.

A segunda dinâmica referida é a erosão do velho modelo de negócios baseado na publicidade, que já não é a principal fonte de receita. Além disso, Gonçalves destacou a precarização das condições de trabalho dos jornalistas, com uma pressão cada vez maior para alcançar audiências e rentabilizar conteúdos, que afeta os valores profissionais do jornalismo.

Por fim, associou essas dinâmicas aos fenómenos atuais da desinformação e da inteligência artificial, que apresentam impactos cruciais e abrangentes no panorama da comunicação social.

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