Desafios de José Luís Carneiro como líder da oposição: Uma análise de Marcelo Rebelo de Sousa
O Presidente da República sublinha a complexidade da liderança da oposição por parte de José Luís Carneiro, comparando-a com a sua passagem pelo PSD.

Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República, exprimiu hoje que José Luís Carneiro, secretário-geral do PS, enfrenta uma "posição muito difícil" enquanto líder da oposição, mais desafiadora do que a que ele próprio viveu entre 1996 e 1999 à frente do PSD.
"É realmente complicado liderar a oposição nas circunstâncias atuais. Falo pela minha experiência", afirmou Marcelo, durante uma declaração à imprensa no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, antes de uma reunião com Carneiro no Palácio de Belém.
O chefe de Estado delineou suas intenções para o encontro: "Ouvirei a perspectiva do líder do segundo partido mais votado sobre a sua missão, que sei ser árdua, dado que já estive na mesma situação. Compartilharei também a minha experiência." Marcelo sublinhou a importância de compreender como Carneiro planeja abordar temas cruciais, como orçamentos e leis fundamentais.
O Presidente destacou que Carneiro pretende buscar consensos em áreas críticas, como política externa e de defesa, além de questões económicas e de justiça. "Quero saber se acredita ter condições para isso", acrescentou Marcelo, mencionando a sua disponibilidade para oferecer conselhos baseados na sua vivência passada.
Questionado se espera que o secretário-geral do PS seja um suporte do Governo em assuntos fundamentais, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que procura compreender como Carneiro gerir esse delicado equilíbrio. O chefe de Estado lembrou que, na sua época à frente do PSD, o partido era a principal força de oposição e a dinâmica era mais simples, dado que existiam menos partidos a disputar a liderança da oposição.
Ao refletir sobre a diferença entre as suas experiências, indicou que, durante a sua liderança, existia um cenário político menos fragmentado: "O PSD era um partido forte na oposição, diferente desta configuração atual em que há vários partidos com vozes significativas." Ele enfatizou as dificuldades que Carneiro enfrentará na sua nova função, que, segundo ele, é mais complexa do que a que ele próprio viveu.
Sobre a questão das coligações negativas na Assembleia da República, Marcelo observou que, ao contrário da legislatura anterior, onde a abstenção dos principais partidos de oposição era suficiente, agora requer uma votação em conjunto negativa, o que torna a situação ainda mais desafiadora para o novo líder do PS.