Ventura e Mortágua trocam acusações num debate na SIC Notícias, onde propostas para o salário mínimo, tetos de renda e direitos dos imigrantes dividem opiniões e reacendem a polarização política.
Num debate intenso transmitido pela SIC Notícias, os líderes André Ventura (Chega) e Mariana Mortágua (BE) confrontaram-se em temas que vão desde a economia até à habitação e imigração, demonstrando posturas opostas e críticas mútuas.
Partindo da economia, ambos defenderam o aumento do salário mínimo. Ventura propôs o recurso a um fundo estatal para apoiar esta subida, enquanto criticou o programa do BE, que inclui nacionalizações de 10 mil milhões de euros, definindo-o de “irresponsabilidade” e “socialismo cego”. Por sua vez, Mortágua acusou Ventura de apoiar tarifas protecionistas, comparando as suas ideias às medidas de Donald Trump.
Para ilustrar os impactos das suas propostas, a coordenadora do BE recurrou a peças de lego. Usando uma torre construída com estes blocos, Mortágua evidenciou que 75% das importações portuguesas provêm da União Europeia, seguidas em menor escala pela China, Brasil, Estados Unidos, Índia, Paquistão e Bangladesh, alertando para os perigos de aplicar uma tarifa de 20% que poderia elevar os preços dos combustíveis.
Na discussão sobre a habitação, Mortágua defendeu a imposição de tetos máximos para as rendas e criticou as políticas que favorecem o alojamento local descontrolado, os vistos “gold” e benefícios fiscais para investidores estrangeiros. Ventura rebateu afirmando que tais medidas seriam comparáveis a regimes autoritários, rejeitando a ideia de tetos que, segundo ele, remeteriam a épocas distantes de regimes totalitários.
Quanto à imigração, as posições dos dois líderes ficaram igualmente divergentes. A coordenadora do BE defendeu que imigrantes que residem legalmente em Portugal há pelo menos quatro anos tenham direito a votar e a serem eleitos, em troca do seu contributo fiscal que sustenta, por exemplo, centenas de pensões no país. Ventura, entretanto, recusou esta proposta, afirmando que o poder de voto deve estar condicionado à integração linguística e cultural, acusando o BE de tentar captar votos de imigrantes sem promover a sua integração.
O confronto encerrou-se com ambos os lados a acusarem-se mutuamente de privilegiar ideologias polarizadoras em detrimento de factos e de práticas que deveriam beneficiar o conjunto da sociedade portuguesa.