Durante um debate na RTP, líderes partidários criticaram Luís Montenegro e a gestão da Spinumviva, com exigências de uma comissão de inquérito por parte do Chega.
No debate transmitido pela RTP, que contou com a presença dos líderes dos partidos com assento parlamentar, surgiu novamente à tona o controverso caso da Spinumviva, empresa que foi criada pelo líder do PSD, Luís Montenegro. André Ventura, presidente do Chega, reiterou a necessidade de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI), argumentando que tal passo é necessário na ausência de esclarecimentos por parte de Montenegro.
Em resposta, Luís Montenegro afirmou que sempre cumpriu as suas "obrigações declarativas" e que se encontra disposto a fornecer quaisquer esclarecimentos necessários. "Atuei sempre de boa fé, em conformidade com a lei e princípios éticos", defendeu o primeiro-ministro em gestão, desafiando as acusações de ilegalidade. Em sua réplica, destacou que "a verdadeira intenção não reside no esclarecimento, mas sim numa luta política intensa".
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, criticou Montenegro, alegando que este fez o possível para ocultar informações durante o período eleitoral, referindo-se ao pedido da Entidade para a Transparência para uma nova declaração de interesses que incluísse clientes da Spinumviva, que agora está sob os cuidados dos filhos de Montenegro. Santos sublinhou a falta de credibilidade do líder social-democrata para o cargo de primeiro-ministro.
Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, centrou a sua intervenção no compromisso do seu partido em priorizar os interesses dos portugueses, prevendo que outros partidos falhassem em corresponder a este desafio. Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, e Rui Tavares, do Livre, também se manifestaram, afirmando que Montenegro não apresentou explicações adequadas aos cidadãos sobre o caso. Tavares disse ter-se sentido enganado, enquanto Mortágua referiu que o líder da AD está a promover uma normalização da promiscuidade entre os setores público e privado.
Paulo Raimundo, da CDU, argumentou que a demissão de Montenegro deveria ter sido a sua resposta assim que o caso se tornou público, considerando que tal ato teria sido um importante contributo para a democracia. Inês Sousa Real, do PAN, encerrou o tema afirmando que Montenegro "é um grande artista", por transformar uma questão pessoal numa crise nacional.
O escândalo recebeu mais atenção na quarta-feira, quando o jornal Expresso noticiou que Luís Montenegro havia apresentado uma nova declaração à Entidade para a Transparência, na qual incluía sete novas empresas associadas à Spinumviva. Esse desenvolvimento foi conhecido pouco antes do debate e gerou suspeitas por parte de Pedro Nuno Santos quanto à intenção de Montenegro de influenciar a discussão. O líder do PSD negou ter promovido a divulgação do documento, insinuando que o PS estaria por detrás da revelação das informações sobre os clientes da sua empresa.