O apagão generalizado afetou as linhas de abate, levando à rejeição de carcaças e prejuízos elevados, obrigando o setor a pedir ajuda financeira e a repensar a soberania na produção de carne.
Após um apagão que afectou Portugal e Espanha desde as 11:30, o setor da carne enfrenta graves prejuízos. As linhas de abate, automatizadas, rejeitaram as carcaças que estavam em processo quando a energia falhou, resultando na eliminação de um número ainda não definido de animais do consumo.
A diretora executiva da Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes (APIC), Graça Mariano, alertou para os impactos, mesmo que ainda seja prematuro avaliar totalmente os danos económicos. A falta de geradores ou a impossibilidade de alugar um adequado à potência exigida forçou muitas indústrias a acrescentar um dia extra de abate, com consequentes custos acrescidos devido a horas extraordinárias, dias de trabalho sem produção e penalizações por encomendas não entregues.
Mariano também criticou a perda de soberania na produção de carne em Portugal, assinalando a falta de preocupação das entidades públicas. Segundo ela, o excesso de zeladoria e a falta de bom senso, por parte de organismos como a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), ASAE e DGADR, têm contribuído para a redução da capacidade de investimento das empresas.
Assim, o setor exige ao Governo que seja criada uma linha de apoio financeiro e que seja impedido que as empresas de fornecimento de energia invoquem a força maior para eximir-se dos custos decorrentes do apagão, os quais não podem ser imputados à indústria.
Além dos problemas na indústria alimentar, o apagão provocou o encerramento de aeroportos, congestionamentos nos transportes e falta de combustíveis, gerando uma onda de transtornos nas grandes cidades. Apesar destes efeitos, a E-Redes, operadora de rede de distribuição de eletricidade, confirmou esta manhã que o serviço se encontra integralmente restabelecido.