Crise Eléctrica de Abril Expõe Dependência Externa

Mário Guedes, antigo diretor-geral da Direção-Geral da Energia e Geologia (DGEG), alertou que o apagão ocorrido a 28 de abril de 2025 evidenciou a exposição de Portugal face à dependência energética externa, comprometendo a estabilidade económica e a segurança nacional.

Segundo Guedes, a falha que afectou a Península Ibérica e parte do território francês durante mais de 10 horas deixou claro que o país não é autossuficiente na produção de eletricidade e recorre largamente à Espanha para manter os serviços essenciais.

O ex-líder da DGEG defendeu que, para reforçar a soberania, Portugal deve apostar na geração doméstica de energia, privilegiando fontes naturais como a hídrica, solar, eólica ou geotérmica. Para ele, políticas iniciadas em 2019, como o encerramento prematuro das centrais a carvão de Sines e do Pego sem redundância e a morosidade na aprovação dos projetos solares, contribuíram para o cenário atual de vulnerabilidade.

Guedes recordou ainda que estas questões já haviam sido apontadas nos Relatórios Anuais de Monitorização e Segurança de Abastecimento, não sendo, portanto, surpreendente a ocorrência deste episódio.

O apagão afetou gravemente a rotina, levando ao encerramento de aeroportos, congestionamentos no trânsito e escassez de combustíveis, embora o operador de rede E-Redes tenha informado que o fornecimento elétrico já se encontra restabelecido.