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Confrontos em Luanda: jornalistas e estudantes enfrentam violência policial

há 16 horas

Jornalistas e estudantes foram alvo de detenções, ameaças e humilhações em meio a uma manifestação em Luanda, que resultou em alegadas violações dos direitos humanos.

Confrontos em Luanda: jornalistas e estudantes enfrentam violência policial

Luanda, Angola – Durante uma manifestação estudantil que procurava denunciar deficiências nas escolas da capital, autoridades angolanas detiveram jornalistas enquanto tentavam cobrir o evento. De acordo com relatos, os incidentes envolveram detenções prolongadas, ameaças diretas e obrigações de entrega de equipamentos pessoais.

O diretor do portal TV Maiombe, Jubileu Panda, afirmou que ao tentar identificar-se perante o comandante da polícia acabou por ser insultado e obrigado a sentar no chão, tendo sido detido por cerca de cinco horas. Durante este tempo, os seus documentos foram fotografados e solicitou-se a assinatura de vários formulários, sem qualquer esclarecimento sobre as razões da detenção.

Outro jornalista, Hermenegildo Caculo, do Jornal Folha 8 e TV 8, contou que, ao entrevistar um manifestante, foi advertido com ameaças de morte, caso continuasse a questionar a intervenção policial. Segundo ele, colegas passaram por um tratamento de humilhação e intimidação, com declarações de que disparos poderiam ser efetuados contra um dos repórteres.

O correspondente da DW África, Borralho Ndomba, relatou que foi detido por trinta minutos e forçado a entregar os seus telemóveis e microfones. Os elementos da polícia, que queriam apagar registos feitos através do WhatsApp, procederam à inspeção dos seus dispositivos, mas acabaram por devolver o equipamento após contato telefónico com superiores.

Além dos jornalistas, quase cinquenta estudantes foram detidos durante a marcha, que terminou de forma tumultuada, com relatos de agressões físicas. Estima-se que, ao todo, cerca de 150 jovens tenham sido detidos enquanto protestavam com cartazes, denunciando as condições nas instituições de ensino.

O presidente do Movimento de Estudantes Angolanos, Francisco Teixeira, que tinha convocado a manifestação, encontra-se atualmente desaparecido e é alvo de buscas pela polícia, segundo fontes do movimento. Por sua vez, o porta-voz da Polícia Nacional do Comando Provincial de Luanda, Nestor Goubel, foi contactado pela Lusa e prometeu prestar esclarecimentos adicionais sobre os fatos.

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#LiberdadeDeImprensa #DireitosHumanos #ProtestoLuanda