Num debate intenso, o líder do PS apela ao voto útil enquanto critica as promessas comunistas, e o PCP acusa o PS de apresentar um programa demasiado modesto.
Numa entrevista conjunta na RTP, o líder socialista Pedro Nuno Santos e o secretário-geral do PCP Paulo Raimundo dividiram opiniões. Santos apelou ao voto útil e criticou as propostas da CDU por serem ilusórias, afirmando que os planos comunistas "ficam bem como promessa, mas depois não têm aplicabilidade". Em troca, Raimundo acusou o programa do PS de ser "pouchochinho", defendendo que o partido desperdiçou o tempo que teve na governação.
Questionado sobre a possibilidade de acordos entre comunistas e socialistas, Pedro Nuno destacou o "erro histórico" do PCP ao equiparar o PS à AD, o que Raimundo qualificou de "frase feita". Santos também celebrou a aprovação do Orçamento do Estado para 2025, dizendo que o PS "deu estabilidade ao país".
Por sua vez, Raimundo reconheceu a viabilidade de um acordo com os socialistas, desde que o PS mude de rumo, valorizando as carreiras dos profissionais de turno, a resposta à crise da habitação e o reforço dos serviços do SNS. "Se o PS optar pela mudança, contam connosco. Mas, se persistir no mesmo percurso, não compensa", afirmou.
Durante a discussão sobre o voto útil, o líder do PS reiterou a importância de concentrar os votos para que os socialistas possam vencer as eleições e suceder à AD no Governo. Mais adiante, Santos defendeu a coragem política, afirmando que o PS se arrisca "ao limite do possível", ao passo que Raimundo ironizou, descrevendo o programa socialista como "um bocadinho poucochinho" e comparando a proposta do choque salarial a um "espirro salarial".
No âmbito da saúde, Pedro Nuno criticou o legado das políticas de Luís Montenegro, alegando piora na área mesmo desde a chegada da AD ao poder e apontando um desfasamento entre promessas e ações concretizadas. Raimundo confessou que a situação não se resolve do dia para a noite, mas considerou inaceitável o facto de 19 urgências terem ficado fechadas durante o fim de semana, acusando ainda o PS de ter perdido tempo enquanto Governo.
Sobre a imigração, o líder socialista afirmou que os princípios do PS na área permanecem inalterados, enfatizando a defesa de uma imigração regulada e humanista. Raimundo concordou que os imigrantes são essenciais para a economia, mas defendeu a regularização da sua situação e a necessidade de dotar a AIMA dos recursos necessários, criando condições favoráveis para aqueles que procuram uma vida melhor em Portugal.
Na entrevista, Pedro Nuno Santos foi também questionado relativamente à averiguação preventiva aberta pelo Ministério Público, tendo respondido que ainda não foi contactado e realçando que a denúncia anónima tem "motivação política".
Por fim, com o país a recordar o dia da morte do Papa Francisco, Santos homenageou-o como um “homem bom e generoso” que deixou uma “mensagem de amor ao próximo”, enquanto Raimundo lamentou um “dia triste para os que lutam contra as injustiças e desigualdades”.