Conflito sectário na Síria resulta em mais de 70 mortes

Nos últimos dois dias, a Síria foi palco de conflitos sectários que levaram à morte de mais de 70 indivíduos, a maioria pertencente à comunidade drusa, conforme revelou hoje o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Segundo a organização, os confrontos em Jaramana e Sahnaya, nas proximidades de Damasco, resultaram na morte de 30 membros das forças de segurança do governo e 15 combatentes drusos, além de um civil.

Na província de Sueida, um bastião druso que faz fronteira com Israel, foram reportados 27 mortos da comunidade drusa na quarta-feira, segundo o OSDH, noticiado pela agência France-Presse (AFP).

O OSDH, uma ONG com sede no Reino Unido, conta com uma extensa rede de informantes em todo o território sírio. Um líder religioso da comunidade drusa, o xeque Hikmat al-Hajri, qualificou os acontecimentos recentes como uma "campanha genocida" contra os drusos e pediu urgentemente uma intervenção internacional.

Hikmat al-Hajri denunciou a situação em Jaramana e Sahnaya como uma "campanha genocida injustificada", cujo alvo são "civis nas suas casas", e apelou por uma "intervenção imediata das forças internacionais de manutenção da paz."

Por outro lado, o governo sírio refutou as solicitações de defesa internacional para os grupos que considera "fora da lei". Desde a queda do regime do presidente Bashar al-Assad em dezembro de 2024, após uma longa guerra civil, a dinâmica no país tem estado marcada pela desconfiança entre as diversas comunidades religiosas.

Bashar al-Assad, que atualmente se encontra em Moscovo, contava com o suporte da Rússia e do Irão durante o seu mandato. A comunidade drusa, que representa cerca de 3% da população síria, vive majoritariamente no sul do país, especialmente na província de As-Suwayda, e é considerada com desconfiança pelos grupos sunitas que emergiram com as novas autoridades.

Aproximadamente 700.000 drusos habitam a Síria e têm-se concentrado na defesa do seu território, evitando em grande parte o recrutamento forçado para as forças armadas sírias. Além da Síria, a comunidade drusa está presente em áreas como os Montes Golã ocupados por Israel, bem como no Líbano e em Israel.