Conflito entre PSD e PS em torno de informações de recuperação financeira

A recente revelação dos novos clientes da empresa Spinumviva, na declarações de interesses de Luís Montenegro submetida à Entidade para a Transparência, continua a gerar polémica política. O deputado socialista Pedro Delgado Alves confirmou que teve acesso a esta informação, que partilhou com o bloquista Fabian Figueiredo, mas ambos negaram ter passado a informação à comunicação social.

O tema ganhou destaque quando o jornal Expresso, na quarta-feira, noticiou que, em debate com o líder do PS, Pedro Nuno Santos, Montenegro indicou que a origem da divulgação da sua declaração de interesses poderia ter partido da Assembleia da República. "Contactei a Entidade para a Transparência, que me garantiu não ter publicitado a informação que enviei e que, portanto, a divulgação poderia ter acontecido a partir de outra fonte", mencionou o líder do PSD.

No dia seguinte, Hugo Carneiro, deputado do PSD, revelou que solicitou à Entidade para a Transparência as informações sobre quem acedeu aos dados de Montenegro entre os dias 29 e 30 de abril. Pouco depois, Pedro Delgado Alves admitiu perante os colegas que obteve detalhes sobre os clientes de Spinumviva, destacando que a sua consulta da informação era um procedimento rotineiro e não secreto.

Em resposta, Marcos Perestrello, porta-voz do PS, reforçou que o partido não divulgou esta informação à imprensa, sugerindo que o PSD estaria a tentar desviar a atenção do principal foco da discussão. Por sua vez, Figueiredo, aludido por Delgado Alves, negou qualquer envolvimento na partilha da declaração, defendendo que tal informação deveria ser acessível publicamente.

Luís Montenegro, após as críticas, reafirmou que o PS parece estar mais ligado à divulgação do que ele próprio, considerando as alegações como tentativas de manipulação. O líder do PSD destacou ainda que a informação relacionada à Spinumviva foi prestada num contexto em que não teve qualquer influência sobre os contratos públicos.

No centro do debate estão também os clientes que foram recentemente adicionados à declaração de interesses de Montenegro: Rodáreas, ITAU, Sogenave, Portugalenses Transportes, Beetsteel, INETUM Portugal e Grupel SA, algumas das quais têm contratos ao abrigo do Estado, gerando novas interrogações sobre a relação entre política e negócios.