China impõe restrições a empresas de defesa em Taiwan no início de manobras militares
Pequim estabeleceu controlos de exportação a oito companhias de defesa de Taiwan, alegando protecção da segurança nacional, coincidindo com grandes exercícios militares na ilha.

A China implementou hoje restrições de exportação que afetam oito empresas do sector de defesa de Taiwan. Esta medida, segundo autoridades de Pequim, tem como objetivo salvaguardar a segurança nacional e surge no mesmo dia em que se dão início às maiores manobras militares da ilha, conhecidas como exercícios Han Kuang.
As restrições aplicam-se a entidades como a Aerospace Industrial Development Corporation (AIDC), famosa pela produção do caça de combate IDF, a CSBC Corporation, a principal construtora naval, e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Chung-Shan, responsável por investigação em defesa. Também outras companhias nos sectores aeroespacial e naval estão abrangidas.
As novas regras, que entram em vigor imediatamente, proíbem a exportação de "bens de uso duplo" para as empresas mencionadas, conforme indicado por um comunicado do Ministério do Comércio chinês. Esta decisão também se alinha com as obrigações internacionais de não-proliferação assumidas pela China.
O anúncio coincida com o início dos exercícios Han Kuang, que buscam simular uma resposta a uma potencial invasão da China. Este ano, a edição dos exercícios terá a duração de dez dias e envolverá 22 mil reservistas, tornando-se o maior e mais extenso exercício militar já realizado pela ilha.
A China considera Taiwan uma "parte inalienável" do seu território e não descarta o uso da força para garantir a reunificação, uma meta constantemente enfatizada pelo Presidente Xi Jinping desde a ascensão ao poder em 2012.
Apesar das novas sanções, as empresas afetadas declararam que o impacto nas suas operações será mínimo, dado que a maioria das suas cadeias de abastecimento não depende da China continental. A CSBC Corporation, por exemplo, afirmou que os componentes para submarinos e embarcações de guarda costeira provêm principalmente da Europa e dos Estados Unidos, enquanto a AIDC reconheceu que poderá haver uma certa influência na sua divisão de aviação civil, mas o sector militar permanecerá incólume.
A Lungteh Shipbuilding também confirmou que os componentes chineses utilizados nas suas operações civis podem ser facilmente substituídos e que a sua atividade relacionada à defesa não sofrerá alterações.
O Governo de Taiwan, liderado pelo Partido Democrático Progressista desde 2016, defende que a ilha já opera como um país soberano, insistindo que o futuro de Taiwan deve ser decidido exclusivamente pelos seus 23 milhões de habitantes.