China aplaude reconhecimento russo do governo talibã no Afeganistão
Pequim elogia decisão da Rússia de reconhecer o governo talibã, enfatizando a importância da inclusão do Afeganistão na comunidade internacional.

A China manifestou hoje o seu apoio à Rússia por ter se tornado o primeiro país a reconhecer oficialmente o governo dos talibãs no Afeganistão. O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, declarou em conferência de imprensa que, enquanto vizinha tradicional do Afeganistão, a China sempre defendeu que o país deve estar integrado na comunidade internacional.
A formalização do reconhecimento do Emirado Islâmico do Afeganistão, imposto pelos talibãs após a tomada de Cabul em agosto de 2021, ocorre na sequência da retirada das tropas dos Estados Unidos. Este reconhecimento foi salutado pela liderança talibã como um passo significativo e "histórico". O ministro dos Negócios Estrangeiros do regime, Mawlawi Amir Khan Muttaqi, assinalou que esta decisão representa um "marco importante" nas relações entre a Rússia e os talibãs, além de estabelecer um "precedente positivo" para que outras nações os sigam.
Embora os talibãs tenham uma presença diplomática em pelo menos 14 países, incluindo a China, a Turquia e o Paquistão, nenhum deles havia reconhecido oficialmente o regime até esta decisão. Em dezembro de 2024, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, havia removido os talibãs da lista de organizações terroristas do país, um passo considerado fundamental para o reconhecimento oficial, uma vez que os talibãs foram listados como terroristas em 2003, devido a ligações com grupos armados na Chechénia.
A Rússia fortaleceu os seus laços com os talibãs muito antes do seu regresso ao poder, recebendo várias delegações em Moscovo. Com este reconhecimento, a Rússia desafia o consenso internacional que tem hesitado em legitimar o governo talibã, especialmente face às restrições aos direitos das mulheres e à falta de um processo político inclusivo.
O reconhecimento do novo emirado islâmico surge num período em que os talibãs buscam romper a sua situação de isolamento e desejam posicionar o Afeganistão como um eixo de conectividade entre a Ásia Central e do Sul. Embora a China e o Paquistão tenham aceitado representantes diplomáticos talibãs e mantenham diálogos regulares, ainda não formalizaram o reconhecimento diplomático.