Caminho-de-Ferro de Benguela inicia transporte de pequenas cargas para Lobito
A partir de setembro, o Caminho-de-Ferro de Benguela vai oferecer transporte de cargas até cinco toneladas entre Huambo e Lobito, beneficiando pequenos agricultores e o escoamento agrícola.

O Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB) está prestes a lançar um novo serviço que permitirá o transporte de pequenas cargas, até cinco toneladas, entre Huambo e Lobito a partir de setembro. Esta iniciativa visa facilitar o escoamento dos produtos agrícolas dos pequenos produtores, conforme anunciado por António Manuel Cabral, presidente da empresa.
Cabral fez estas declarações durante uma visita da comitiva de embaixadores da União Europeia ao Corredor do Lobito, um percurso de 200 quilómetros que liga o Huambo ao Bié, atravessando cinco províncias angolanas.
No município do Chinguar, os embaixadores interagiram com jovens agricultores que participam no Projeto de Desenvolvimento da Agricultura Comercial (PDAC), apoiado pela União Europeia e pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). Os agricultores partilharam como o acesso a financiamentos lhes permitiu aumentar a sua produção, ainda que o escoamento continue a ser um ponto crítico a melhorar.
Durante a visita, o presidente do CFB anunciou a criação do comboio "Camacove", que retoma o nome do antigo comboio colonial de mercadorias, e que terá carruagens específicas para o transporte de pequenas cargas. "Este é o empenho do Caminho-de-Ferro para apoiar os pequenos produtores na distribuição dos seus produtos pelo Corredor do Lobito", afirmou Cabral.
Atualmente, a infraestrutura ferroviária conta com duas entidades: o CFB, que é responsável pelo transporte social de passageiros e por cargas leves, e a Lobito Atlantic Railway (LAR), um consórcio privado que se ocupa do transporte de grandes mercadorias, especialmente minérios, e da operação da linha ferroviária.
A LAR, formada por empresas como Trafigura (Suíça), Mota-Engil (Portugal) e Vecturis (Bélgica), gere a exploração e manutenção da linha sob uma concessão de 30 anos.
António Cabral esclareceu que o novo comboio começará a funcionar entre Huambo e Lobito, coincidente com um já existente entre Huambo e Luau, que realiza transporte de passageiros e carga ligeira. O Corredor do Lobito, que se estende por mais de 1.300 quilómetros, é vital para a ligação entre o porto de Lobito e regiões do leste de Angola e da República Democrática do Congo.
O CFB pratica preços "sociais" para assegurar serviços acessíveis à população e aos agricultores, movimentando atualmente cerca de um milhão de passageiros e 300 mil toneladas de carga anualmente, com um foco crescente nas pequenas cargas.
Entre os principais serviços do CFB, destaca-se um comboio expresso de passageiros que liga Lobito a Luena, com paragens em Huambo e Cuito, transportando aproximadamente 3.000 pessoas diariamente com bilhetes a 100 kwanzas (0,10 euros).
A visita guiada pela Delegação da União Europeia em Angola inclui várias paragens nas províncias de Bié e Huambo, destinada a apresentar projetos europeus e reforçar a valorização do Corredor do Lobito.
A embaixadora da UE em Angola, Rosário Bento Pais, enfatizou a importância desta visita, que marca o início de uma série de deslocações a todas as províncias abrangidas pelo Corredor do Lobito, sublinhando que os investimentos da UE vão além das infraestruturas, focando também em áreas como a diversificação económica, a educação e a boa governação.
O secretário de Estado para os Transportes, Jorge Bengue, aproveitou a ocasião para convidar investidores europeus a explorarem oportunidades de negócios em África, afirmando que "é fundamental que mais investidores venham para descobrir a riqueza de oportunidades que o continente oferece".